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CNBB defende governo sobre questão agrária

25 set 2003 às 19:37

A Conferência Nacional de Bispos do Brasil (CNBB) saiu em defesa do governo, que vem sendo criticado por dirigentes de movimentos sem-terra por lentidão na reforma agrária.

A CNBB espera que a nova política para a questão de terras seja anunciada ainda no próximo mês e que, ainda este ano, seja colocada em prática. ''Muita gente afirma que o governo, por ter certeza de que iria ganhar as eleições, deveria trazer as malas mais prontas. Mas ninguém sabe ao certo se vai ganhar.


O governo precisou coletar dados da realidade e, este ano, um plano coerente será lançado'', afirmou o vice-presidente da CNBB, dom Antonio Celso Queirós.


A entidade elogiou o novo conceito de reforma agrária defendido pelo governo - mais lenta, mas que proporcione aos assentados maior apoio e estrutura. Mesmo convicto de que será criticada pela oposição, Queirós avalia que a nova estratégia poderá trazer benefícios maiores aos sem-terra. ''Será uma reforma digna deste nome, acompanhada de uma política agrícola consequente'', avaliou.


Dom Queirós, fez uma comparação com o modelo realizado em governos anteriores, que para ele consistia apenas em ''dividir a terra''. ''Não adianta retardar a reforma agrária. Ela tem de ser a pedra de toque'', afirmou Queirós. A adoção rápida desta política, completou, pode ser um instrumento eficaz para combater o desemprego.


A CNBB manifestou novamente sua preocupação com episódios de violência no campo. ''Estamos tentando evitar a violência, sem tomar partido'', afirmou o vice-presidente. ''Nenhum país organizado vive de invasão de terras. Mas é evidente que nenhum país organizado deixa a terra nas mãos de um grupinho de pessoas, enquanto um grande número da população é sem-terra.''


Queirós lembrou que muitas das pessoas que promovem invasões de terra vivem em condições inadequadas, sofrem pela falta de acesso à saúde, educação ou de moradias dignas. ''Eles também são vítimas de violência'', afirmou, ao ser questionado sobre o fato de o conflito de terras ser tratado como crime.

Sobre a recente prisão de líderes dos sem-terra, avaliou: ''Alguns juízes têm interpretação mais estrita, outros mais amplas. Não podemos dizer se houve injunções. Mas a gente sabe como são poderosos os donos de terra.''


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