O número de mortes nos confrontos em Dili, capital do Timor Leste, chegou a cinco, segundo o ministro de Negócios Estrangeiros, José Ramos Horta, informa a Agência Lusa. Os conflitos tiveram início na sexta-feira e se estenderam até a manhã de sábado, quando trocas de tiro entre manifestantes e forças de segurança aumentaram de intensidade em Comoro, no lado ocidental.
Ramos Horta responsabilizou grupos de jovens desempregados, ligados ao grupo Colimau 2000, pela onda de violência. Vários manifestantes foram presos. Segundo o ministro, duas vítimas morreram quando vendedores do mercado de Comoro tentavam impedir saques. As outras mortes teriam ocorrido durante conflitos entre jovens e integrantes das Forças Armadas.
Segundo as informações do governo timorense, pelo menos 34 pessoas ficaram feridas. Efetivos das Forças Armadas substituíram a polícia e reforçaram o cordão de segurança formado para impedir a entrada de mais manifestantes na cidade, de acordo com a Agência Lusa. Pela manhã, os soldados também reforçaram a segurança em frente às embaixadas em Dili.
Em conferência de imprensa realizada hoje, José Ramos Horta, disse que devido a "razões de observância dos direitos humanos", tanto as Nações Unidas como o governo "não têm feito nada para ilegalizar o grupo e prender os seus cabecilhas, que volta e meia organizam assaltos à população em aldeias" do interior do país.
Segundo ele, os confrontos diminuíram e a cidade está numa situação de tranqüilidade. "A situação está muito mais calma, obviamente há muita tensão ainda. Mas a violência cessou", afirmou Horta, em declaração à Agência Lusa. Além do saldo de mortos e de feridos, os conflitos causaram estragos na capital do Timor Leste: mais de 100 lojas e casas foram queimadas na localidade de Taci Tolo e o mercado de Taibessi foi destruído.
Para se proteger dos confrontos, vários moradores residentes na área de Comoro se concentraram no aeroporto de Dili, onde estavam presentes efetivos da polícia e das Forças Armadas. Muitas pessoas se refugiaram nas montanhas ou buscaram abrigo em escolas e instituições religiosas.
Em nota divulgada ontem, o Ministério das Relações Exteriores informou que os conflitos em Dili não colocaram em risco a segurança da comunidade brasileira, de acordo com informações fornecidas pela Embaixada do Brasil na capital do Timor Leste.
"O Ministério das Relações Exteriores acompanha com atenção a evolução do quadro político interno no Timor Leste e seu impacto sobre a segurança da comunidade brasileira, de modo a prestar-lhe toda a assistência que se faça necessária", destaca a nota.
Informações sobre a situação dos brasileiros no Timor Leste podem ser obtidas no Itamaraty, por meio dos telefones (61) 3411-6999, nos dias úteis, ou (61) 9976-8205 (plantão). O telefone da Embaixada do Brasil em Dili é 00 xx 670-332-1728. O Timor Leste está 12 horas à frente do fuso horário de Brasília.