Pesquisar

Canais

Serviços

Publicidade
Publicidade
Publicidade
Sucessão do trono

Charles 3º é proclamado rei em ato transmitido na TV pela 1ª vez, mas com toque medieval

Ivan Finotti - Folhapress
11 set 2022 às 09:57

Compartilhar notícia

- Simon Dawson / No 10 Downing Street
siga o Bonde no Google News!
Publicidade
Publicidade

Charles 3º, 73, foi proclamado novo rei na manhã deste sábado (10), em cerimônia no palácio de Saint James, em Londres. A proclamação foi lida pouco depois das 10h no horário local (6h em Brasília), em um evento transmitido na TV pela primeira vez na história. "Se a véspera foi de luto e tristeza por todo o Reino Unido, hoje foi o dia em que a nação ergueu novamente a cabeça com orgulho", resumiu um apresentador.


"É meu triste dever anunciar a vocês a morte de minha amada mãe, a rainha", começou Charles em seu discurso -uma frase surpreendente, dado que vivemos em um mundo conectado à internet e com notícias em tempo real, mas trata-se de tradição arraigada.

Cadastre-se em nossa newsletter

Publicidade
Publicidade


"Eu sei como vocês, a nação, e acho que posso dizer o mundo inteiro, lamentam profundamente comigo a perda irreparável que sofremos. O reinado de minha mãe foi inigualável em sua duração, dedicação e devoção", disse o novo rei. "Tenho total compreensão do tamanho desse dever e das difíceis responsabilidades da soberania que agora passaram para mim. Devo me esforçar para seguir o exemplo inspirador que me foi dado ao defender o governo constitucional e buscar a paz, a harmonia e a prosperidade dos povos dos reinos e territórios da comunidade britânica."

Leia mais:

Imagem de destaque
Decisão unânime

Jake Paul vê fúria de Mike Tyson, mas usa físico e vence lenda do boxe nos pontos

Imagem de destaque
Prestes a voltar à Casa Branca

Trump insinua candidatura para 3º mandato, o que é proibido pela Constituição

Imagem de destaque
Texto oficial

Meta climática do Brasil cita pela 1ª vez redução no uso de combustíveis fósseis

Imagem de destaque
Justin Welby

Chefe da Igreja Anglicana renuncia em meio a escândalo sobre abusador infantil


Sem a imponência do vizinho Buckingham, o Palácio Saint James recebeu a nata da realeza, como o príncipe William (sem a esposa, Kate) e a nova rainha consorte Camilla, e da política britânica, incluindo a nova primeira-ministra, Liz Truss, e seus antecessores no cargo Boris Johnson, Theresa May, David Cameron, Gordon Brown, Tony Blair e John Major.

Publicidade


Na primeira parte da cerimônia, da qual o rei não participou, a presidente do chamado Conselho de Ascensão também anunciou a morte da rainha Elizabeth 2ª e proclamou o novo monarca. O colegiado é formado por deputados, o prefeito de Londres, Sadiq Khan, funcionários públicos, altos comissários dos países da Commonwealth (56 nações de alguma forma ligadas ao império britânico), a primeira-ministra e uma série de lideranças religiosas, como o arcebispo de Canterbury, Justin Welby.


Como a imprensa destacou, nenhum dos integrantes do órgão estava presente na última proclamação, 70 anos atrás, de Elizabeth 2ª.

Publicidade


Depois da cerimônia interna houve um momento em certa medida medieval, quando o escriturário do conselho apareceu na varanda do Saint James e leu a proclamação para "o povo" -na verdade apenas algumas dezenas de pessoas puderam acompanhar o momento, do lado de fora do palácio e atrás de grades. Com roupa de veludo cor de vinho e detalhes dourados, chapéu com plumas brancas e um cetro na mão, o escriturário foi acompanhado de um grupo de corneteiros com longas roupas douradas.


Além do povo, com smartphones em punho a lembrar que afinal estamos no século 21, os famosos guardas de túnica vermelha com chapéu felpudo preto acompanhavam a declaração. Eles depuseram as armas no chão, tiraram os chapéus e, a uma ordem, gritaram "hip hip hurra!" três vezes. Tiros de canhão foram disparados pela cidade.

Publicidade


Os eventos não ficaram restritos a Saint James. Uma procissão percorreu as ruas de Londres e, cerca de uma hora após a proclamação, o texto foi lido novamente no Royal Exchange, no centro financeiro de Londres. O rito foi seguido de gritos "Deus salve o rei". Depois, o primeiro verso do hino nacional britânico foi tocado e a multidão aplaudiu o novo monarca.


Charles assumiu o trono automaticamente após a morte da mãe, Elizabeth 2ª, na última quinta (8). A cerimônia deste sábado faz parte de uma série de eventos que antecedem o funeral da rainha -marcado para o dia 19, que será um feriado nacional.

Publicidade


Também não há data para a coroação do novo rei, que pode demorar mais de um ano -como se deu com Elizabeth, cuja coroação só aconteceu 16 meses depois de ter virado rainha.


Charles é o monarca mais velho a assumir o trono britânico na história. Ele deve fazer de seu reinado um período de transição entre o da mãe, venerada pela dedicação ao serviço público, e o do filho William, 40, visto como a modernização da realeza.

Publicidade


O rei também jurou neste sábado fidelidade à Igreja da Escócia, seguindo uma tradição do início do século 18, uma vez que há divisão de poderes entre Igreja e Estado no país que integra o Reino Unido. Antes, afirmou que lhe foi confiada uma tarefa pesada -"à qual agora dedico o que me resta de minha vida, e oro pela orientação e ajuda de Deus todo poderoso".


Ao assinar os documentos, Charles acenou a um assessor, de forma atrapalhadamente disfarçada, para que retirasse da mesa um estojo de canetas. O gesto de pouco protocolo real talvez não entrasse na história caso a cerimônia não estivesse sendo transmitida ao vivo. Depois, o novo rei teve uma série de eventos fechados, com o arcebispo e políticos.

Publicidade


Ao mesmo tempo que a proclamação foi lida no palácio, eventos em homenagem a Elizabeth 2ª e ao novo rei aconteceram em cidades na Escócia, na Irlanda do Norte, no País de Gales e em Estados associados ao Reino Unido, como o Canadá. Em Londres, multidões se aglomeraram em frente ao Palácio de Buckingham para manifestar carinho com a rainha, mas só os súditos que estavam nos castelos de Balmoral e Windsor puderam fazê-lo diretamente à família real.


É que na propriedade escocesa onde Elizabeth morreu, dois de seus filhos, Andrew e Anne, além de netos e outros parentes, saíram ao portão para observar as flores ali deixadas e agradecer aos presentes. Em Windsor, quem o fez foram os filhos do novo rei. William e Harry falaram com os súditos acompanhados das esposas, Kate e Meghan -reunião que não era vista há ao menos dois anos.


Os dois príncipes estariam com a relação estremecida desde o afastamento do caçula. Harry hoje vive nos EUA e, no ano passado, deu uma arrasadora entrevista com a mulher, em que Meghan fez acusações de racismo na realeza. Parte da imprensa viu no fato de William ter, segundo a versão dele, convidado o irmão na tarde deste sábado uma possibilidade de reaproximação.


O agora primeiro na linha sucessória do trono emitiu uma nota mais cedo dizendo que pretende honrar a memória da avó apoiando o pai, "o rei, de todas as formas possíveis". Segundo a Reuters, William contou a um súdito em Windsor que os últimos dois dias, desde a morte da rainha, foram surreais. "Todos pensávamos que ela era invencível."


Enquanto Elizabeth assumiu o trono quando o Reino Unido ainda era uma potência, o novo rei herda um país em crise de identidade, com a ressurgência de nacionalismos e movimentos pró-república, e um ator secundário na geopolítica global -para não falar dos temores em relação à economia, esta a cargo da chefe de governo, Truss.


O primeiro discurso oficial de Charles no trono havia sido feito nesta sexta. Ele centrou a fala em um ideal de continuidade e apontou a rainha como sua grande inspiração, o que voltou a fazer neste sábado.


Sem autoridade política real, Charles tem como marca o ativismo, que inclui um interesse especial pela Amazônia. Nunca houve um príncipe tão engajado em assuntos que afetam diretamente os súditos como ele, da defesa do ambiente à educação para jovens desfavorecidos. Em seu pronunciamento na sexta, porém, ele antecipou que deve se afastar de atividades como essas para se dedicar aos assuntos de Estado.

Publicidade

Últimas notícias

Publicidade
LONDRINA Previsão do Tempo