"Eu amo a Rússia, mas me deixem voltar para casa." Foi com essa frase escrita num cartaz, em inglês, que a ativista brasileira Ana Paula Maciel pediu às autoridades russas que a libertem da prisão, que já dura 28 dias naquele país. Nesta quinta-feira, 17, a apelação dos advogados do Greenpeace para que Ana Paula possa responder à acusação de pirataria em liberdade provisória foi adiada. A justificativa alegada pela Justiça daquele país foi "problemas de tradução". Não há uma nova data marcada para o trâmite.
A imagem da bióloga gaúcha empunhando a mensagem dentro de uma cela foi divulgada nesta quarta-feira pelo grupo ambientalista. Ana Paula foi presa no dia 19, no Oceano Ártico, numa ação do grupo que tentava subir numa plataforma de petróleo. Ela e mais 29 ativistas de diversas nacionalidades acabaram detidos, acusados pelo governo russo de pirataria.
A prisão do grupo ganhou repercussão mundial. Nesta quarta-feira, 16, a chanceler alemã Angela Merkel telefonou ao presidente russo, Vladimir Putin, manifestando preocupação sobre o caso. Nesta quinta-feira, 11 ganhadores do prêmio Nobel da Paz escreveram uma carta a Putin pedindo a liberdade dos ativistas. São eles: Desmond Tutu (África do Sul), Betty Williams (Irlanda do Norte), Oscar Arias Sanchez (Costa Rica), Jody Williams (EUA), Leymah Gbowee (Libéria), Tawakkol Karman (Iêmen), Rigoberta Menchu Tum (Guatemala), Mairead Maguire (Irlanda do Norte), Shirin Ebadi (Irã), Jose Ramos Horta (Timor Leste), Adolpho Perez Esquivel (Argentina).
Na correspondência, eles solicitam que Moscou faça "tudo o que puder" para a liberdade dos presos, e chamam as acusações de pirataria de "exageradas". "A exploração de petróleo no Ártico é uma atividade de altíssimo risco. Um eventual vazamento de óleo ali teria um impacto catastrófico em uma das regiões mais ricas, bonitas e preservadas do planeta. O impacto de um vazamento sobre as comunidades que vivem no Ártico e sobre espécies de animais que já estão ameaçadas seriam devastadoras", endossaram os ganhadores do Nobel.
Ana Paula está presa em uma penitenciária na cidade russa de Murmansk. Lá, ela fica sozinha em uma cela e diz ser bem tratada. O contato com a família, no Rio Grande do Sul, se dá por cartas trocadas através de emissários. Na semana passada, a bióloga teve direito a um telefonema de cinco minutos, quando falou com a mãe, Rosângela Maciel.