Com o encerramento dos Jogos Olímpicos de Paris, os holofotes se voltam agora para as Paralimpíadas, que também acontecem na capital francesa entre 28 de agosto e 8 de setembro.
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Ao todo, serão cerca de 4.400 atletas de 184 países competindo em 22 modalidades, distribuídos em 549 eventos valendo medalhas.
O Brasil vai à França com uma das maiores delegações paralímpicas de sua história, formada por 255 atletas com deficiência, a maior entre as edições realizadas fora do país -fica atrás apenas da Rio-2016, com 278-, superando os 235 de Tóquio-2020.
É maior do que a própria delegação francesa, anfitriã dos Jogos, que terá 240 atletas competindo em casa.
Em uma edição olímpica marcada pela busca pela paridade de gênero, o Brasil vai a Paris com 117 atletas mulheres, ou 45,9% da delegação, a maior convocação feminina brasileira na história dos Jogos, tanto em quantidade, quanto em termos percentuais.
A Rio-2016 havia sido a edição com o maior número de atletas mulheres (102, ou 35,2%) do Brasil, e a de Tóquio-2020, a com o maior percentual (96 atletas, ou 41%).
Entre as brasileiras na França, estará a mesatenista Bruna Alexandre, primeira atleta a representar o país nos Jogos Olímpicos e Paralímpicos.
Submetida à amputação do braço direito por consequência de uma trombose, Bruna é a maior medalhista paralímpica do país na modalidade, com dois bronzes na Rio-2016 e uma prata e um bronze em Tóquio-2020.
Nos Jogos Olímpicos de Paris, ela disputou duas partidas no duelo por equipes feminina na fase oitavas de final contra a Coreia do Sul. O Brasil acabou derrotado por 3 a 1.
Na quebra geográfica, São Paulo é o estado com mais atletas da delegação paralímpica do Brasil em Paris, com 71 representantes. Vêm na sequência Rio de Janeiro e Minas Gerais, com 22 cada, e Paraná, com 20.
Há também no grupo uma argentina naturalizada brasileira, a remadora Alina Dumas, do Corinthians, que entrou no paradesporto após romper os ligamentos dos dois tornozelos, passar por três cirurgias e ficar com sequelas da lesão no pé esquerdo.
Segundo Jonas Freire, diretor de esportes de alto rendimento do CPB (Comitê Paralímpico Brasileiro), a meta é conquistar entre 70 e 90 medalhas na França, com a intenção de posicionar o Brasil entre os oito primeiros colocados no quadro de medalhas.
"Cada medalha, cada resultado importante de um atleta paralímpico em um evento como esse muda a sociedade, muda a perspectiva de como as pessoas percebem o potencial da pessoa com deficiência", afirma Freire.
Em Tóquio-2020, o Brasil conseguiu seu melhor resultado na história das Paralimpíadas com 72 medalhas -22 de ouro, 20 de prata e 30 de bronze-, terminando a competição em 7º no quadro de medalhas.
Desde o primeiro pódio na edição de Toronto-1976, o Brasil acumula um total de 373 medalhas, sendo 109 de ouro, 132 de prata e 132 de bronze.
"Se fizemos uma campanha histórica em Tóquio, com 72 pódios e a distribuição de R$ 7 milhões em gratificações aos nossos medalhistas, esperamos superar todas essas marcas na França. E a julgar pelos resultados no atual ciclo, temos totais condições de atingirmos tais objetivos", diz Mizael Conrado, presidente do CPB e bicampeão paralímpico no futebol de cegos (Atenas-2004 e Pequim-2008).
Os brasileiros medalhistas de ouro em provas individuais receberão R$ 250 mil por medalha. A prata renderá R$ 100 mil, e o bronze, R$ 50 mil. Já o título paralímpico em modalidades coletivas, por equipes, revezamentos e em pares (bocha) valerá um prêmio de R$ 125 mil por atleta. A prata renderá R$ 50 mil, e o bronze, R$ 25 mil.
O Brasil terá representantes em 20 modalidades paralímpicas em Paris -atletismo, badminton, bocha, canoagem, ciclismo, esgrima em cadeira de rodas, futebol de cegos, goalball, halterofilismo, hipismo, judô, natação, remo, taekwondo, tênis de mesa, tênis em cadeira de rodas, tiro com arco, tiro esportivo, triatlo e vôlei sentado.
O país não terá atletas apenas nas provas de rugby em cadeiras de rodas e no basquete em cadeiras de rodas.
Com 70 atletas, o atletismo é a modalidade com a maior quantidade de convocados para Paris-2024. É também a que mais trouxe medalhas para o país em Paralimpíadas, com 170 -48 de ouro, 70 de prata e 52 de bronze.
Entre os convocados, destaque para o velocista paraibano Petrúcio Ferreira, atual bicampeão paralímpico na prova dos 100m da classe T47 (amputados de braço).
A natação vem em seguida, com a segunda maior quantidade de atletas na França (37), e também a segunda modalidade que mais trouxe medalhas para o Brasil nas Paralimpíadas -125, sendo 40 de ouro, 39 de prata e 46 de bronze.
Com oito medalhas em quatro edições entre Pequim-2008 e Tóquio-2020, o nadador pernambucano Phelipe Rodrigues é o maior medalhista paralímpico da delegação brasileira na França.
O atleta da classe S10 (limitações físico-motoras) é especialista nas provas de velocidade (50m e 100m) do nado livre, e vai em busca do primeiro ouro olímpico em Paris -até aqui, são 5 pratas e 3 bronzes.
Na história das Paralimpíadas, o recorde brasileiro pertence ao nadador Daniel Dias, dono de 27 medalhas -14 de ouro, 7 de prata e 6 de bronze.
O judô brasileiro completa o pódio das modalidades que mais 'medalharam' nas Paralimpíadas, com 25 pódios -5 ouros, 9 pratas e 11 bronzes.
Entre os judocas que representarão o Brasil na França, estará a paulista Alana Maldonado (classe J2, voltada para atletas com deficiência visual que conseguem definir imagens), primeira mulher medalhista de ouro do Brasil na modalidade, em Tóquio-2020, e o paraibano Wilians Araújo (classe J1: cegos totais ou com percepção de luz, mas sem reconhecer o formato de uma mão a qualquer distância), campeão mundial em 2022.
Assim como nos Jogos Olímpicos, a cerimônia de abertura das Paralímpiadas também vai acontecer pela primeira vez fora de um estádio.
O desfile começará na Champs-Elysées e seguirá até a Place de la Concorde, com os atletas rodeados por locais icônicos da capital francesa, como o Museu do Louvre e o Arco do Triunfo.
"Esta cerimônia no coração da cidade é um forte reflexo da nossa ambição de aproveitar a realização dos primeiros Jogos Paralímpicos em nosso país e colocar a questão da inclusão de pessoas com deficiência no centro da sociedade", disse Tony Estanguet, presidente do comitê organizador de Paris-2024.