O Brasil já contabilizou, apenas no ano de 2008, 28 mortes causadas por raios. O número é 64% maior que o registrado no mesmo período do ano passado.
Só esta semana, as descargas elétricas fizeram sete vítimas. Segundo o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), o aumento de raios no Brasil se deve ao fenômeno La Niña, resfriamento das águas do Oceano Pacífico que altera a circulação dos ventos de forma global e favorece a formação de tempestades.
De acordo com a Rede Brasileira de Detecção Atmosférica do Inpe, entre julho de 2005 e 2007, as regiões onde mais caíram raios foram Rio Grande do Sul e São Paulo. A rede monitora as mudanças atmosféricas em 9 estados: São Paulo, Mato Grosso do Sul, Goiás, Espírito Santo, Minas Gerais, Paraná, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul e Santa Catarina.
Segundo o coordenador do Grupo de Eletricidade Atmosférica do Inpe, Osmar Pinto Júnior, o alto número de raios em São Paulo se deve a atividades humanas como poluição, construções e asfalto que criam "ilhas de calor" e, assim, aumentam a temperatura da atmosfera local e facilitam a formação de tempestades e raios.
Já no Rio Grande do Sul, as descargas são causadas pela proximidade com o norte da Argentina e do Paraguai, regiões com os maiores índices de tempestade da América do Sul. "Essas tempestades acabam, muitas vezes, migrando para dentro do Brasil, e isso explica a alta incidência de raios lá", disse.
O coordenador conta que a média de raios no Brasil é de 50 milhões ao ano, e que a possibilidade de uma pessoa ser atingida por uma descarga é de uma em um milhão. Ele diz que a falta de informação é uma das principais causas de morte por raios. "As pessoas estão muito mais conscientes em relação aos perigos dos raios, mas ainda existe muita desinformação, e há outros que subestimam o perigo porque sabem que as chances são pequenas".
O coordenador do Inpe lembra que algumas medidas preventivas - como evitar ficar em locais descampados ou dentro da água (mar, rios, etc.) e não andar descalço - podem ser adotadas durante as chuvas com trovões (raio associado ao som). Além disso, nas tempestades, é preferível estar dentro de residências, prédios ou veículo fechado.
"As pessoas têm que estar atentas e tomar os cuidados necessários. São 50 milhões de raios por ano e 180 milhões de pessoas. Então, com tanto raio e tanta gente, apesar de a probabilidade ser pequena, as mortes ocorrem bastante", alerta.
Ainda de acordo com o coordenador, o aumento na incidência de raios deve continuar em todas as regiões brasileiras.
Agência Brasil