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Berlusconi é criticado ao assumir presidência da UE

01 jul 2003 às 19:04

O primeiro-ministro italiano, Silvio Berlusconi, assumiu nesta terça-feira a presidência da União Européia sob uma chuva de críticas e polêmicas provenientes de muitos setores, tanto dentro como fora da Itália.

Uma série de críticas dos principais jornais europeus - franceses, ingleses, alemães e espanhóis - questionam a capacidade do chefe de governo italiano e ex-magnata das comunicações para comandar a Europa num momento delicado da história da UE, que está formando novas instituições e ampliando o número de países que a integram.


Para se defender, Berlusconi ataca a esquerda italiana, a imprensa de seu país e os juízes ''vermelhos'', interessados, segundo ele, em derrubar o seu governo.


Os problemas internos também prejudicam sua imagem, sobretudo depois da aprovação da lei de imunidade para os cinco principais cargos do Estado, que salvou Berlusconi de uma provável condenação judicial durante o semestre que seu país governa a Europa.


Famoso por suas tiradas inoportunas e explosivas, assim como por sua falta de tato diplomático, Berlusconi terá que lidar com temas complexos, como a Conferência que em meados de outubro deverá adotar a Constituição Européia, elaborada pelo ex-presidente francês Valery Giscard d'Estaing.


Temas decisivos, como a eleição de um presidente permanente da UE ou a necessidade de introduzir uma menção específica aos valores cristãos, como já solicitou várias vezes o papa João Paulo 2º, não foram definidos no rascunho da Constituição.


''A Itália não pretende reabrir capítulos do projeto de Constituição nos quais se alcançou um amplo consenso'', advertiu o chefe da diplomacia italiana, Franco Frattini, durante um debate no Parlamento.


''Acredito que é um dever político e moral de todos os italianos, sem exceção, apoiar a Itália e a presidência rotativa, que neste momento é representada por um governo legitimamente eleito'', pediu Frattini nesta terça aos parlamentares.


Homem de negócios, conhecido por ser prático e direto, Berlusconi já anunciou que não visitará, como é tradição, as quinze capitais dos países da UE, que em breve terá 25 nações.


O polêmico Berlusconi trabalhará para aliviar as tensões surgidas com os Estados Unidos, principal aliado da UE, depois das divisões registradas pela guerra contra o Iraque e pela criação da Corte Penal Internacional.


Outros temas delicados, como a luta contra a imigração clandestina no continente, a integração dos Balcãs ocidentais, a reconstrução do Iraque e o conflito no Oriente Médio, figuram na agenda do novo presidente da UE.

Porém, alguns diplomatas europeus temem que os problemas políticos nacionais afetem o processo de reformas e consolidação da nova instituição do velho continente.


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