Algo curioso aconteceu a um dia das eleições presidenciais do Azerbaijão: a comissão eleitoral anunciou o vencedor. O aplicativo da Comissão Eleitoral Central divulgou na terça-feira que o presidente Ilham Aliyev, cuja família está no poder há quatro décadas, venceria as eleições com 73% dos votos.
Ontem, o resultado oficial confirmou a vitória de Aliyev com 85% dos votos. Seu adversário mais próximo, Jamil Hasanli, conseguiu apenas 6% dos votos, mas disse que o anúncio antes da hora apenas reforça o argumento de que a eleição foi fraudada. Hasanli exigiu a convocação de uma nova eleição.
Hoje, a comissão eleitoral pediu "profundas desculpas" pelo "desentendimento". Segundo a comissão, o anúncio do resultado um dia antes das eleições ocorreu por conta de um teste conduzido pelo desenvolvedor do software em uma zona eleitoral.
Um grupo de acompanhamento da Organização para a Segurança e Cooperação na Europa reforçou que a eleição foi fraudada, notando a desproporcional cobertura midiática dada ao presidente, a limitada liberdade de expressão, o enchimento das urnas e as más práticas na contagem dos votos. O grupo disse que o governo encheu as urnas em 37 zonas eleitorais com votos para o presidente, além de deter e acusar criminalmente jornalistas. Também houve relatos de agressões físicas a repórteres.
O Azerbaijão está na posição 139, de 176 países, em um ranking de 2012 do Transparência Internacional para avaliar a corrupção. A organização global afirma que o Azerbaijão enfrenta uma "corrupção endêmica" que atrapalha o desenvolvimento do país e impede que a população compartilhe dos ganhos do petróleo. Desde que Aliyev assumiu o poder, os preços do petróleo triplicaram a economia do país, transformando a capital Baku em um mosaico de prédios futurísticos.
Grupos de direitos internacionais criticam o governo do Azerbaijão por intimidar seus oponentes. Eles dizem que ativistas têm sido presos sob falsas acusações e a polícia tem rotineiramente dispersado os protestos nas ruas.