Uma das principais associações de combate às máfias na Itália criticou nesta terça-feira (26) a concessão de cidadania honorária para o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) no município de Anguillara Veneta.
De acordo com o diretório da ONG Libera na região do Vêneto, a homenagem é um "tapa na memória das múltiplas vítimas" das ações do mandatário brasileiro.
"Recordamos como a ação política do presidente Bolsonaro é caracterizada por uma multiplicidade de atos tidos como contrários aos direitos humanos e ambientais, implantando uma política genocida contra a população (o desprezo e as ofensas a mulheres e homossexuais, as ações de desmatamento e violações contra as populações indígenas que habitam na Amazônia, as grotescas acusações às ONGs pelos incêndios que devastaram a Amazônia)", escreveu a Libera no Facebook.
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"Em virtude de tais circunstâncias, acreditamos que a concessão de tal honraria é um tapa na memória das múltiplas vítimas de tal ação política", acrescentou a entidade, que foi fundada em 1995 por Luigi Ciotti, um conhecido ativista antimáfia da Itália.
Homenagem
A cidadania honorária a Bolsonaro foi proposta pela prefeita de Anguillara Veneta, Alessandra Buoso, com o argumento de que um bisavô do presidente nasceu nessa pequena cidade de pouco mais de 4 mil habitantes situada no norte italiano.
"A cidadania é conferida de fato ao presidente, como delegado de um povo e eleito democraticamente pelo povo que ele representa, mas é conferida simbolicamente a toda uma nação", declarou Buoso por meio de comunicado.
Segundo a prefeita, o reconhecimento vale como um "gesto simbólico de esperança para todos os povos que, todos os dias, são obrigados a migrar para outros países em busca de uma nova vida".
"Não queremos entrar nos aspectos políticos porque não é nosso papel nem nossa vontade, queremos apenas recordar que os laços entre essas duas nações são extremamente fortes", acrescentou. Existe a expectativa de que Bolsonaro visite Anguillara após a cúpula do G20 em Roma, marcada para 30 e 31 de outubro.