O estudante Francisco Fernando Cruz, de 23 anos, que ficou preso um ano nos Estados Unidos após um falso alarme de bomba, disse que aprendeu a levar as coisas a sério e a não confiar nos amigos. "Aprendi a lição. Tem coisa que não dá para brincar", afirmou nesta sexta-feira, em Sorocaba (SP), depois de passar a noite com a família. "Aliás, no primeiro dia eu já tinha aprendido a não fazer isso nunca mais. Também aprendi a não confiar plenamente nos amigos. Foram eles que me induziram a fazer a brincadeira e, depois que fui preso, sumiram."
Cruz retornou ao Brasil ontem na condição de deportado e, durante a viagem de avião até o Rio de Janeiro, foi escoltado por dois agentes de imigração americanos. Só foi liberado depois de ser entregue à Polícia Federal brasileira no aeroporto de Galeão. Ele disse que foi tratado com rigor na prisão, mas em nenhum momento sofreu ameaça ou maus tratos. O estudante lamentou ter sido levado para o aeroporto com algemas e tornozeleiras. "Eles sabiam que eu não era perigoso, mas sei lá, eles têm suas regras."
O estudante foi recebido por familiares no Rio e tomou voo doméstico com eles, com destino ao aeroporto de Viracopos, no interior de São Paulo. Dali seguiu de ônibus para a casa da família, em Sorocaba. Segundo a mãe do rapaz, Cláudia Cruz, ele dormiu bem à noite e acordou disposto. No início da tarde, foi para um encontro com os amigos na casa de um deles. "Eles praticamente convocaram o Nando, estavam com muita saudade", contou a mãe. O rapaz quer agora retomar a vida no Brasil. Com a prisão, ele perdeu o trabalho e um ano do curso de Publicidade que fazia em Nova York.
Cruz foi preso em janeiro de 2014 depois de enviar mensagens eletrônicas ao Departamento de Polícia de Miami e à TAM Linhas Aéreas alertando sobre uma possível uma bomba no avião. Ele tinha viagem de volta para o Brasil, mas perdeu o voo. Usando o computador de uma universidade, encaminhou um e-mail para a polícia e outro para a empresa aérea alertando que o voo não deveria decolar pois estava marcado para cair, já que haveria "carga perigosa" a bordo. O alerta mobilizou a polícia americana e a TAM, que teve de fazer uma cuidadosa inspeção no avião. Como nada foi encontrado, o voo foi liberado.
Ao embarcar num segundo voo, o rapaz foi detido já dentro do avião - sua mensagem havia sido rastreada e sua imagem ficou no computador que havia usado. Interrogado, confessou a autoria das mensagens e foi condenado a um ano e um dia de prisão por crime previsto na lei americana antiterror.