O adiamento da decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) sobre a constitucionalidade da pesquisa com células-tronco embrionárias foi contra os interesses de pessoas com doenças degenerativas que poderiam ser tratados com o avanço dessas tecnologias. "As pessoas doentes têm pressa", ressaltou o o advogado Luís Roberto Barroso, representante do Movimento em Prol da Vida (Movitae) e do Instituto de Bioética, Direitos Humanos e Gênero (Anis).
Mãe de um jovem de 17 anos que sofre de distrofia muscular, Irene Teles lamenta o atraso na decisão. "A cada dia, meu filho piora", diz. Apesar de ser católico praticante, Aurélio Coelho, que também sofre de distrofia, apóia as pesquisas com células extraídas de embriões. "Os resultados dessas pesquisas vão mudar nosso jeito de viver", afirmou Aurélio. "Considero legítimo a igreja defender o seu ponto de vista, mas muitas pessoas com deficiência dependem dessas experiências", avaliou.
Para o advogado Caio Rodrigues, que é cadeirante e participou da elaboração da Lei de Biossegurança, o pedido de vista trará mais apreensão para os portadores de doenças. "As pessoas que se preocupam com o desfecho desse processo vão ter agora de se articular e fazer pressão para que o ministro Direito vote o mais rápido possível", avaliou.
Depois do voto favorável do relator Carlos Ayres Britto ao uso das células-tronco embrionárias, o ministro Carlos Alberto Menezes Direito pediu vista do processo, interrompendo a votação. Menezes Direito argumentou que a matéria é de alta complexidade, e que é preciso haver mais reflexão sobre o tema.
Para o jurista Ives Gandra, que representou a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) no julgamento, o pedido de vista indica que não há unanimidade dentro do Supremo sobre o assunto. Ele, no entanto, negou que a igreja Católica tenha interesse em atrasar as discussões.