Equipes de resgate ainda buscam sobreviventes do acidente com um trem que descarrilou na noite de ontem (21) no sul da Índia, deixando ao menos 36 mortos e mais de 50 feridos. As autoridades temem que o saldo de vítimas da nova tragédia envolvendo a rede ferroviária do país aumente nas próximas horas.
Oito dos 21 vagões e a locomotiva do trem descarrilaram às 23h no horário local (15h30 no horário de Brasília) na região de Kuneru, perto da fronteira entre os estados indianos de Odisha e Andhra Pradesh. O trem expresso ligava a cidade Jagdalpur a Bhubaneswar, capital de Odisha, e saiu dos trilhos a 160 quilômetros da localidade de Visakhapatnam. A maioria das vítimas estava em vagões-leito.
"O balanço de mortos subiu esta manhã para 36. É possível que aumente"", indicou Anil Saxena, porta-voz do Sistema Nacional de Redes Ferroviárias. Segundo J. P. Mishra, porta-voz da empresa ferroviária da Costa Leste, os mais de 50 feridos foram transferidos para dois hospitais da região.
As autoridades e as equipes de resgate trabalharam a noite toda para tentar localizar sobreviventes. A televisão indiana mostrava vários vagões tombados, enquanto socorristas, vestidos com trajes laranjas e protegidos por capacetes, tentavam chegar até os passageiros, pelas janelas. Ao lado dos trilhos, os habitantes da região observavam os trabalhos de resgate.
Causa desconhecida
As causas do acidente ainda não foram reveladas. As autoridades não excluem que um ato de sabotagem dos rebeldes maoistas tenha causado a tragédia. "Suspeitamos da sabotagem porque dois trens passaram sem problemas por estes mesmos trilhos um pouco antes", disse o porta-voz do Sistema Nacional de Redes Ferroviárias.
Já a polícia de Odisha, onde o acidente aconteceu, negou qualquer envolvimento dos maoistas, conhecidos como naxalitas. "Rejeitamos totalmente um possível envolvimento dos maoistas no descarrilamento. Kuneru não é uma zona de atuação dos naxalistas", afirmou um oficial do serviço de inteligência que pediu o anonimato, citado pela agência Press Trust of India.
Seiscentas pessoas viajavam no trem acidentado. Os passageiros ilesos foram retirados do local em uma dezena de ônibus. O tráfego ferroviário ficou interrompido em toda a linha costeira.
Acidentes fatais frequentes
O acidente de ontem acontece dois meses após um descarrilamento de características similares em Kanpur, que matou 146 pessoas. A rede ferroviária indiana, implantada durante a colonização britânica, é uma das maiores do mundo e transporta por dia 23 milhões de passageiros. Mas o serviço dispõe de poucos recursos para manutenção e os acidentes fatais são frequentes.
Na última sexta-feira (20), dez vagões de um trem expresso descarrilaram no Rajastão, no noroeste do país, deixando vários feridos leves. No mês passado, duas pessoas morreram e dezenas ficaram feridas em outro acidente perto de Kanpur.
Segundo um relatório de 2012 do governo indiano, quase 15 mil pessoas morrem todos os anos em acidentes ferroviários. O primeiro-ministro, Narendra Modi, prometeu investir US$ 137 bilhões num período de cinco anos na modernização e segurança da rede ferroviária nacional.