Há dois sobreviventes do desastre do avião comercial BAC 111-500 que caiu e se incendiou em bairro residencial de Kano, na Nigéria, atingindo vários prédios e matando os restantes 74 passageiros e tripulantes a bordo, além de pelo menos 50 pessoas em terra. Teme-se que o número de vítimas nos prédios atingidos aumente ainda mais.
Inicialmente, informou-se que o avião transportava 105 pessoas, porém funcionários da Aviação Civil local disseram que o número certo era de 69 passageiros e sete tripulantes. As duas pessoas que escaparam com vida do desastre foram um passageiro e uma comissária.
O passageiro, Najib Ibrahim, disse à CNN que ouviu gritos de que o avião estava caindo. "Pensei que não tinha chance de escapar, pois fiquei cercado pelo fogo", acrescentou. "Minha sorte foi de estar sentado perto da saída de emergência e foi por aí que escapei".
Porta-voz do governo local, Ibrahim Avo, disse que o avião pertencia à EAS, sigla da companhia privada Executive Airlines Services, e tinha acabado de decolar do aeroporto de Kano, a caminho de Lagos, a sudoeste da Nigéria, quando caiu no bairro de Gwammaja, vizinho ao aeroporto.
David Clark, da agência France Presse, disse à CNN que um repórter já na área do desastre registrou a recuperação de 74 corpos dos destroços do avião. Clark acrescentou que o avião destruíra cerca de 10 casas e prédios e que era impossível dizer com certeza quantas pessoas haviam morrido em terra. Segundo bombeiros, 50 corpos já tinham sido retirados dos escombros.
"É impossível avaliar agora, pois muitos apartamentos no prédio mais atingido foram destruídos e o incêndio se alastrou", disse um bombeiro. "Muitos corpos podem estar nos escombros ou carbonizados. Duas testemunhas relataram que viram o avião oscilando de um lado para o outro, logo após a decolagem, e que claramente estava em dificuldades. Outra testemunha afirmou que as asas do avião já estavam em chamas antes do choque. Segundo a Reuters, os controladores do tráfego no aeroporto não tinham condições de avaliar o que causara o desastre.
O último desastre aéreo na Nigéria ocorreu em novembro de 1996, quando um Boeing 727 em vôo de Port harcourt a Lagos caiu matando todos os 142 passageiros e nove tripulantes a bordo. A Nigéria liberalizou os transportes aéreos a partir de meados de 1980 quando surgiram várias companhias para competir com a outrora dominante Nigéria Airways.
Há preocupação com o estado de velhos aviões usados por uma dúzia de companhias privadas no país. Apenas no mês passado o governo decidiu proibir o uso de aviões com mais de 22 anos de uso, uma medida que provocou inúmeros protestos dos operadores privados. A EAS é uma das várias companhias aéreas que operam rotas domésticas no país.