O ano de 2010 já está entre os três anos com as maiores temperaturas registradas na história e pode se tornar o mais quente. Por enquanto, 1998 e 2005 estão à frente. A afirmação foi feita ontem por Michel Jarraud, secretário-geral da Organização Mundial de Meteorologia, durante a Conferência do Clima da ONU em Cancún (COP-16).
Entre janeiro e outubro de 2010, a temperatura mundial ficou 0,55°C acima da média anual entre 1961 e 1990, de 14°C. Em 1998 foi 0,53°C superior à média e em 2005, 0,52°C.
De acordo com Jarraud, a temperatura de 2010 será fechada no início de 2011, quando forem avaliados os dados deste mês. Por causa do fenômeno La Niña, dezembro pode ser mais frio.
Para chegar à conclusão, foram usadas as análises de três diferentes instituições: da agência espacial americana (Nasa), da autoridade meteorológica dos Estados Unidos (Noaa) e do Met Office, serviço meteorológico da Grã-Bretanha.
Esta década foi a mais quente desde que as medições começaram, em 1850. Segundo Jarraud, várias regiões apresentaram temperaturas acima da média, como a África e partes da Ásia e do Ártico. Grande parte do Canadá e da Groenlândia tiveram temperaturas até 3°C acima do normal.
O secretário-geral ressaltou a importância de observar o cenário completo da Terra, já que algumas áreas tiveram temperaturas menores do que a média.
Foi o caso da Sibéria, na Rússia, de partes do sul da América do Sul, de partes do oeste e norte da Europa, do leste da China e do sudeste dos Estados Unidos. "Em alguns lugares podemos ter a impressão de que houve um esfriamento, mas isso não reflete o clima global", afirmou.
Questão de sobrevivência
Para o diretor executivo da ONG Oxfam na Nova Zelândia, Barry Coates, os dados corroboram o que milhões de pessoas ao redor do mundo já perceberam: que o clima está mudando.
"A sobrevivência das pessoas está ficando mais difícil. Nos primeiros nove meses deste ano, 21 mil pessoas morreram por causa de desastres relacionados ao clima – mais que o dobro do número de todo o ano passado."