Um dos motivos da pressão no câmbio é a disparada do risco-país, que já superou os 2.000 pontos-base e está derrubando os títulos da dívida externa brasileira. Essa aceleração é alimentada pela repercussão negativa das declarações do secretário do Tesouro americano, Paul O'Neill, que fez restrições a um crédito ao Brasil, Argentina e Uruguai. Operadores afirmam ainda que o fluxo cambial é negativo hoje, devido aos vencimentos externos das empresas.
O principal índice de percepção do risco Brasil continua sua escalada e já atingiu nível recorde nesta manhã. Segundo o Banco JP Morgan Chase, às 11h, o EMBI+ brasileiro apontava avanço de 3,01% frente ao fechamento de sexta (1.991 pontos). O indicador agora atinge 2.051 pontos. O C-Bond recua 2,59% e é negociado nos mercados internacionais a 54,38% de seu valor de face.
Correção técnica - Profissionais do mercado alertam que o movimento de hoje na bolsa não pode ser considerado tendência, já que não se baseia em fato novo e concreto. Ainda é grande a expectativa em relação aos próximos passos do Banco Central e do Fundo Monetário Internacional (FMI). Além disso, o cenário pré-eleitoral ainda pode reservar várias surpresas. Segundo os operadores, a alta da bolsa paulista hoje não é maior por conta da forte alta do dólar e do risco-país.
Telemar PN, ação mais negociada da bolsa, opera em alta 1,86%. As ações dos bancos também se recuperam hoje, depois das expressivas perdas da semana passada. Bradesco PN sobe 0,57% e Itaubanco PN, 0,78%. Entre as ações que fazem parte do Índice Bovespa, as maiores altas são de Embraer PN (+3,5%) e Telemar Norte Leste PNA (+3,2%).
O fluxo cambial hoje é negativo, com saídas superiores às entradas no país. O dólar paralelo negociado em São Paulo, que abriu em baixa, inverteu a tendência e sobe 0,65%, cotado a R$ 3,00 na compra e R$ 3,06 na venda. Há dias que o paralelo é negociado por valor inferior ao dólar à vista. Segundo analistas, isso é um sinal de que não há procura por 'hedge' por parte de empresas ou pessoas físicas, mas apenas uma pressão no mercado interbancário, produzida principalmente pela retração dos potenciais vendedores de dólares.
Dúvidas persistem - A volatilidade promete continuar presente no mercado financeiro nesta última semana de julho. Com o dólar no patamar de R$ 3,00 e muitas dúvidas sobre o apoio do Fundo Monetário Internacional (FMI), os investidores ainda terão de assistir os efeitos de mais um escândalo no mercado financeiro americano. Apesar de a equipe econômica brasileira sustentar que um acordo com FMI virá, os investidores se mostram cada vez mais céticos e duvidosos.