Em sua 112ª reunião, realizada hoje (14/set) o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central decidiu, por unanimidade, reduzir a taxa de juros básica (Selic) em 0,25 ponto percentual, estabelecendo o novo valor em 19,50% ao ano.
Havia (e ainda há) motivos de sobra para que o colegiado optasse por uma redução mais ousada, conforme apresentamos em nosso Global Briefing de 12/set: "Copom: conservadorismo deverá prevalecer; juros devem cair só 0,25 p.p.".
Ao final da reunião o colegiado divulgou sua tradicional nota justificando, em partes, sua decisão: "Avaliando que a flexibilização da política monetária neste momento não compromete as conquistas obtidas no combate à inflação, o COPOM decidiu, por unanimidade, reduzir a taxa Selic para 19,50% ao ano, sem viés."
A decisão do comitê sancionou nossa expectativa e também as expectativas majoritárias do mercado. Além disso, a atitude é um fato concreto de que o ciclo de afrouxamento da política monetária foi iniciado e acreditamos que deve se manter pelo menos até o primeiro bimestre de 2006.
Mantido o atual cenário de queda nas expectativas futuras da taxa de inflação para 2006 e crescimento econômico moderado, nossa expectativa é de que a taxa de juros básica será reduzida em pelo menos 0,50 ponto percentual a cada nova reunião, encerrando o ano de 2005 em 18% ao ano.
O EFEITO SOBRE A BOLSA DE VALORES E O MERCADO DE JUROS FUTUROS
• BOLSA DE VALORES
O ciclo de afrouxamento da política monetária tende a exercer um efeito positivo sobre a bolsa de valores, ou seja, a melhor condição ao consumo (menor custo de financiamento) e aos investimentos (redução da taxa de juros real) tendem a ampliar o lucro das empresas no médio e longo prazo resultando em valorização das ações. Nossa aposta é de que a bolsa de valores (Bovespa) possa atingir os 30 mil pontos até o final do mês de outubro.
• JUROS FUTUROS
Visto que o consenso do mercado é de que a taxa de juros continuará em queda nos próximos meses, nada mais natural do que os contratos mais longos dos juros futuros apontarem declínio, mesmo que moderadamente, dado que ainda há incertezas no horizonte para 2006 como, por exemplo, a política monetária nos EUA.
• MERCADO CAMBIAL
Com relação ao efeito sobre o mercado cambial, acreditamos que a redução da taxa de juros é praticamente nula, o que mantém nosso cenário de novas valorizações do Real frente ao Dólar. Poderia haver algum efeito de desvalorização – tanto na taxa spot quanto na taxa futura – caso a redução da taxa de juros fosse mais acentuada ou se a taxa estivesse muito abaixo dos atuais níveis, pois isso faria com que a atratividade pelos ativos domésticos se reduzisse a ponto de incorrer saídas de grandes volumes de recursos por parte dos investidores estrangeiros.
Neste sentido, mesmo havendo redução da taxa de juro nominal, a taxa de juro real se mantém em nível muito elevado (próximo de 14%) e, portanto, não deve ocasionar a saída de capital em busca de novos mercados, ao menos no curto prazo. Além disso, a saída dos recursos dos investidores estrangeiros deve ocorrer somente se houver uma elevação mais acentuada nas taxas dos títulos do tesouro norte-americano (treasuries bonds) ou se algum outro país emergente como o México, por exemplo, despertar o interesse dos investidores internacionais.