Londrina

UEL reconhece fraude em exame

16 jun 2003 às 21:52

A prova do curso de direito do exame de seleção para candidatos às vagas ofertadas para transferência externa nos cursos de graduação da Universidade Estadual de Londrina (UEL) foi anulada por determinação da reitora Lygia Puppato.

Ela tomou a decisão após receber relatório da comissão constituída há 15 dias para averiguar irregularidades na prova. A comissão constatou que três alunos de uma mesma faculdade particular da região Norte do Estado tiraram nota 10, um resultado considerado improvável, segundo análise pericial realizada na prova. Um novo teste foi marcado para o dia 29 deste mês.


Puppato explicou que a análise pericial e estatística foi realizada pela doutora em estatística e professora do departamento de matemática aplicada, Tiemi Matsuo. A reitora completou que foram identificadas ''imponderáveis coincidências que precisam ser investigadas mais profundamente''.


Além do fato dos três alunos serem da mesma faculdade, eles realizaram a prova na mesma sala e não tiveram sete das disciplinas cobradas no exame.


Em seus depoimentos, os alunos alegaram que ''chutaram'' as questões que não tinham conhecimento. Puppato ressaltou que a análise das probabilidades mostrou que seria muito difícil obter 100% de acerto nas questões elaboradas para os candidatos a uma vaga no 3º ano do curso, turma postulada pelos suspeitos.


Além disso, a nota obtida por eles é muito superior à média geral obtida pelos candidatos, que foi de 4,57. ''Tudo indica que houve fraude'', declarou a reitora.


Uma informação levantada pela comissão é de que dois dos três candidatos que obtiveram nota 10 no exame são parentes, sendo uma filha, de um funcionário que teve contato direto com as provas. Ele e uma outra funcionária serão investigados, através de um processo administrativo disciplinar. Se ficar comprovada a participação, os dois poderão ser exonerados de suas funções.


A reitora acrescentou que o relatório da comissão será encaminhado ao Ministério Público, para que se investigue a participação de pessoas de fora da UEL. Segundo ela, uma outra tentativa de fraude foi constatada. Um dos coordenadores do exame recebeu uma proposta de R$ 3 mil para entregar o resultado da prova. O autor da proposta foi identificado e deverá responder judicialmente.


A reitora observou que apesar dos três alunos serem suspeitos de terem participado de fraude, eles não foram excluídos da prova a ser realizada no dia 29, a partir das 14 horas, no Centro de Ciências Humanas (CCH). Os 486 candidatos inscritos para o curso de direito disputam 27 vagas.

Sobre o novo teste, Puppato disse que a elaboração está sendo realizada externamente para afastar riscos de fraude. ''A universidade é séria e não permitimos esse tipo de situação'', concluiu. O exame para 37 cursos foi realizado no dia 18 de maio e somente o resultado de direito não foi homologado.


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