O contrato de aluguel entre a Universidade Estadual de Londrina e o dono do hotel que serviu de moradia estudantil para cerca de 80 alunos enquanto não ficava pronta a casa do estudante definitiva, no campus, venceu em 29 de maio, mas até agora um grupo de pelo menos 13 pessoas continua morando no imóvel. Segundo o advogado do grupo, são cerca de 25 pessoas.
A porta do hotel recebeu uma espécie de lacre e vários cartazes de protesto foram afixados à fachada do imóvel, localizado na Avenida São Paulo, entre a Rua Sergipe e o Calçadão da Avenida Paraná, no centro.
A Justiça, em ação de reintegração de posse movida pela UEL, também já determinou a saída dos estudantes do local. O advogado do grupo, Vilson Machado, pediu prazo de dois meses de prazo para a desocupação. O juiz da 6ª Vara Cível, Abelar Baptista Pereira Filho, no entanto, concedeu prazo de 10 dias, que expirou em 2 de julho, há duas semanas, portanto.
O 5º Batalhão da Polícia Militar já foi notificado pela Justiça para fazer a desocupação do imóvel, mas ainda não houve ordem da Secretaria Estadual de Segurança Pública para a ação. "Antes da desocupação, é feito um processo de negociação e não há qualquer data definida para ação naquele imóvel", afirmou a assessoria de imprensa da SESP.
Na ação, a UEL alega que tem gasto mensal de R$ 25 mil mensais para manter apenas 13 pessoas, o que daria quase R$ 2 mil para cada uma. Apenas o aluguel custa R$ 14 mil mensais; a universidade pediu a interrupção do fornecimento de água e energia, como forma de pressionar o grupo a sair, mas eles teriam conseguido a religação e as contas da Copel e Sanepar são pagas pela UEL.
"Comunicamos esta situação ao Tribunal de Contas porque estamos gastando um dinheiro sem necessidade", disse o reitor Wilmar Marçal em entrevista ao Bonde. "Toda a comunidade universitária está tendo um prejuízo. Poderemos responsabilizá-los civilmente por eventuais danos no hotel, uma vez que há informações de que haveria pichação nas parede e danos nas redes elétrica e hidráulica, e por este tempo que estão lá contrariando decisão da justiça". Foi fixada multa diária de R$ 400 para cada pessoa que permanece no imóvel.
O reitor voltou a afirmar que o grupo de pelo menos 13 pessoas não é composto apenas por alunos da UEL. "Eu os desafio a mostrarem-se, a dizerem quem são. Eles não têm vínculo com a universidade e querem permanecer lá por motivos políticos, a custa do erário público", disse Marçal, enfatizando que nenhum deles se inscreveu no processo seletivo para morar na nova casa do estudante, que tem 80 vagas, com 72 ocupadas.
O advogado Vilson Machado disse não saber se o grupo é formado por pessoas estranhas à UEL. "Não tenho esse dado", resumiu. Questionado se considerava certa a ação de seus clientes, Machado afirmou que "não se trata de discutir coisas justas ou não, uma vez que há suspeitas de superfaturamento" na construção da nova casa do estudante. "Para discutir justiça, teríamos que ver todas as situações", comentou o advogado.
Segundo ele, o grupo não tem onde morar e ficou de fora da seleção da moradia estudantil porque a UEL dificultou o processo, "impedindo a inscrição de alunos que não tivessem comprovante original de residência". "Não podia ser uma cópia e hoje eles sequer têm como provar que foram barrados", defendeu.
O advogado disse ainda que a recusa em deixar o imóvel é mais do que um protesto por moradia. "A casa do estudante foi projetada para ter 140 vagas, mas foi construída só com 80 e restou, portanto, uma demanda reprimida", criticou. O reitor Wilmar Marçal rebateu a crítica, dizendo que "não há demanda reprimida, tanto que hoje ainda sobram vagas na moradia". "Fica difícil qualquer negociação com pessoas que querem morar a custa do erário".
Veja a cronologia do caso:
Estudantes da UEL se recusam a deixar hotel
Reitor da UEL chama alunos de desocupados
Juiz manda PM desocupar moradia estudantil da UEL
Estudantes pedem prazo para deixar moradia da UEL