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Ibiporã

Terra de capela é disputada entre prefeitura e imobiliária

Paulo Monteiro / Nosso Dia
19 ago 2017 às 08:39

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- Paulo Monteiro / Nosso Dia
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A comunidade deseja que os 60 anos de história sejam preservados. O terreno onde a Capela São Bento foi construída, na estrada das Três Figueiras, em Ibiporã, estaria em uma propriedade privada, que teria sido vendida a uma imobiliária em 2010. De acordo com o representante da comunidade, os moradores temem que o santuário seja demolido. No entanto, a Prefeitura de Ibiporã afirma que a área é pública. "Precisam respeitar nossa história", diz o prefeito João Toledo Coloniezi.

O advogado José Maurício da Costa, representante da comunidade Três Figueiras, avalia a situação como preocupante. "A pessoa que se considera proprietária já arrancou parte do telhado de um barracão ao lado. Aquilo é área pública, pertence ao município de Ibiporã. Há 60 anos, a comunidade se movimentou e ergueu a capela, ainda de madeira. Há cerca de 10 anos, construíram outra maior, com tijolos. O barracão danificado, por exemplo, servia para atividades religiosas, sociais e celebrações. De grande utilidade para a comunidade", relata.

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O representante da comunidade relembra que a área sempre foi considerada pública. "Nós a conhecemos muito bem e sabemos que o imóvel está devidamente registrado como propriedade do município de Ibiporã. Isso desde 1957", detalha. "Porém, o registro imobiliário foi feito no município de Sertanópolis, mas em nome de Ibiporã. Isso porque, na época, somente Sertanópolis possuía um cartório de registro de imóveis. Esta área sempre foi reservada como pública", reitera o advogado. "Após este impasse começar, fui até Sertanópolis e recolhi a certidão. Na sequência eu a entreguei ao prefeito de Ibiporã [João Toledo Coloniezi]."

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Para José Maurício da Costa, o impasse se deu por um descuido na documentação usada na venda do terreno. "O proprietário da terra, por um descuido na documentação, não especificou que o espaço, onde está a capela, deveria ser preservado como área pública. Ele entendeu que o terreno também fazia parte da propriedade."


E acrescenta: "dois herdeiros cederam o imóvel para uma terceira pessoa, que a transferiu para o dono da imobiliária. O empresário vê aquele espaço como seu e poderia até comercializá-lo." De acordo com ele, a Mitra de Londrina, responsável pela preservação das igrejas da região, já teria condições de uso do espaço por usucapião (modo de aquisição pela sua posse pacífica). A gerente administrativa da Mitra adianta que o caso é tratado pelo setor jurídico da arquidiocese e deseja que a capela seja preservada. Tanto a gerência da Mitra como o advogado esperam que o impasse seja resolvido amigavelmente.

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Empresário quer doar


A reportagem ouviu também o empresário que adquiriu o sítio onde estaria localizada a Capela São Bento. Segundo ele, que não quer ter o nome divulgado, a matrícula do imóvel não indica com exatidão a existência da capela.

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A venda do terreno teria ocorrido em 2010. Mesmo assim, ressalta que nunca pensou em demolir a capela, pois valoriza a tradição local. Ele salienta que realizará uma doação legal para a Mitra dos mais de 2 mil m², para que ainda sejam construídos dois salões ao fundo do santuário. "Estou definindo isso com o advogado da Mitra, que é de Brasília. O jurídico da Mitra, inclusive, já aceitou a nossa doação", explica. "Já o barracão ao lado que não tem condições de continuar. Virou um mocó, está abandonado." Ele também diz que pretende lançar empreendimentos naquela região.


"Precisam respeitar nossa história"


Prefeito de Ibiporã, João Toledo Coloniezi confirma que o terreno foi doado ao município. "Quando a primeira capela foi levantada, isso há mais de 50 anos, não existia um cartório de imóveis em Ibiporã, por isso o registro foi feito em Sertanópolis. O registro mostra que aquele espaço foi doado para a cidade pelo proprietário da época. Uma área de pelo menos 1.200 m²", explica. "Recentemente, abrimos também uma matrícula no município de Ibiporã para registrar este terreno. Precisamos definir com nossos técnicos o que será necessário para definir o tamanho desta área."

Coloniezi reforça o valor sentimental que a comunidade Três Figueiras sustenta pelo espaço religioso. "Conheço muito bem aquele povo e vamos lutar pela permanência do terreno. Precisam respeitar nossa história."


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