O projeto Sopão Solidário é realizado em Londrina há 15 anos. Na segunda-feira (16), o projeto comemorou a marca de 60 mil refeições distribuídas ao longo desses anos a moradores em situação de rua. As refeições são distribuídas todas as segundas-feiras, na Concha Acústica, a partir das 18h.
"Começamos atendendo, em média, 20 a 30 pessoas, atualmente servimos refeições para 80 pessoas todas as segundas-feiras", conta o coordenador da ação social, Gervásio González. Na segunda-feira (16), mais refeições foram servidas. "Foram 120 refeições distribuídas, muitas pessoas levaram para suas famílias também. Hoje em dia, não servimos somente moradores em situação de rua, mas também famílias que, muitas vezes, por causa da crise, não têm o que comer em casa. Nós também sempre fazemos uma oração antes de começar a servir as refeições. Os moradores respeitam muito."
Como começou
Gervásio conta que estava cansado de ver moradores de rua vasculhando lixos dos feirantes procurando o que comer. "Certo dia, presenciei o inacreditável. Um senhor que aparentava ter por volta dos 60 anos chegou após o término da feira. Vi que ele estava com muita fome. Em seguida, avistou uma caçamba de recolher materiais de construção e começou a vasculhar. Foi quando ele achou um pedaço de mandioca e, sem pensar duas vezes, comeu aquele pedaço sujo com casca e tudo. Eu fiquei perplexo, dei um grito e lhe ofereci um prato de comida. Depois desse episódio, eu e outros voluntários começamos a fazer o sopão."
No início, Gervásio, sua mãe, Nair Euzébio González (falecida em dezembro de 2016), e os demais voluntários faziam o sopão em casa mesmo. "Mas conforme foi crescendo o projeto, fomos ficando sem espaço físico. Por isso, enviei uma carta à Igreja Metodista Central, solicitando a cozinha e o salão social. Eles nos liberaram, mas com algumas regras de higiene e limpeza. Até hoje nós fazemos as refeições lá e agradecemos muito ao pessoal da igreja."
A mudança do local acabou favorecendo ainda mais o projeto, já que a igreja fica localizada na Avenida Rio de Janeiro, próxima ao Bosque Central, e a distribuição do Sopão é realizada na Concha Acústica.
Voluntariado
Gervásio esclarece que o trabalho é feito sem distinção de classe social ou religião. Todas as pessoas que quiserem trabalhar como voluntários na ação social são bem-vindas. "A igreja empresta o espaço, mas todos os ingredientes para o preparo são de minha responsabilidade. "Realizamos quatro eventos por mês. Quando o mês tem cinco segundas-feiras, são realizados cinco eventos, cada um no valor de R$ 250. Os ingredientes utilizados são verduras do dia e carne fresca. Não colocamos sobra de nada na sopa, é tudo fresquinho."
Rafael Tizo é bacharel em Direito e autônomo. Ele é voluntário há 5 anos. "Eu comecei a frequentar mais a igreja e comecei a me envolver cada vez mais nas coisas da igreja também. Comecei a ir ao Sopão com o Gervásio. Há 5 anos que estou como voluntário. Eu gostei muito, pois não é só a comida que fazemos lá que tem significado para quem recebe. Não é uma sopa só para o corpo físico, mas sim, uma espécie de alimento para alma, alimento espiritual. A gente se envolve muito e é muito bom ajudar. Eu amo."
Como ajudar
De acordo com o coordenador, há três formas para colaborar com a ação social. "A primeira é a principal delas. Pedir para Deus nos abençoar nos dando saúde e disposição para continuarmos com este trabalho. A segunda é nos ajudar no preparo da sopa. Nosso trabalho começa às 13h30 na cozinha da igreja todas as segundas. E a terceira é nos ajudar contribuindo financeiramente com os custos deste trabalho. Nós não estipulamos valores. Cada um contribui conforme seu coração."
Caso queira colaborar, entre em contato com o coordenador da ação, Gervásio González, pelos telefones (43) 3344-6732 e (43) 99683-7196.
Festa de fim de ano
Além do tradicional sopão às segundas-feiras, há a festa de final de ano. O diferencial desta festa é que o projeto serve um outro tipo de prato. Em 2016, mais de 200 pessoas puderam se deliciar com estrogonofe, refrigerante, bolo e panetones. "Nós preparamos 50 kg de estrogonofe de carne e 50 kg de estrogonofe de frango. Também servimos arroz e batata palha à vontade. No ano passado, a festa teve um custo de R$ 2,7 mil. Por isso, estamos começando a captar recursos desde já."