O Núcleo de Combate aos Cibercrimes (Nuciber) da Polícia Civil do Paraná abriu um inquérito para investigar o site "Trankeiras de Londrina". O endereço eletrônico, retirado do ar pelos responsáveis na quinta-feira (30), possuía um grande acervo de material pornográfico. Algumas imagens apresentavam menores de idade em poses eróticas. "Vamos reunir todo o material para iniciar as investigações. Também não está descartada a possibilidade de entrarmos com medidas judiciais para encontrar os responsáveis pelo site", destacou o delegado do Nuciber, Demetrius Gonzaga de Oliveira.
O endereço eletrônico foi descoberto pela reportagem do Bonde no início desta semana, através de um monitoramento de rotina realizado junto às redes sociais. O portal procurou o Nuciber na quarta-feira (29), quando foi oficializada a denúncia contra o site.
A página, registrada em uma popular rede de blogs da internet, trazia na descrição a seguinte frase: "Uma equipe com o intuito de reunir todo o material pornográfico de Londrina e região em um só lugar".
O site apresentava dezenas de imagens. Em algumas delas, os responsáveis pela página identificavam as adolescentes e faziam comparações. Num caso específico, a equipe do "Trankeiras Londrina" expôs duas fotos: uma da menor vestida, dentro de um colégio, e outra da adolescente completamente nua.
A reportagem manteve a existência do endereço eletrônico em sigilo, sem divulgação da informação. A página, entretanto, foi retirada do ar na quinta-feira, depois do caso ganhar repercussão no Twitter.
Questionado se a desativação do site pode prejudicar as investigações, o delegado do Nuciber foi enfático: "Quando se trata de tecnologia, tanto faz se a página foi ou não retirada do ar. Com o endereço eletrônico, nós temos a possibilidade de rastrear os computadores utilizados para as publicações e, consequentemente, os responsáveis por elas. Os registros continuam todos disponíveis", explicou.
Oliveira preferiu ver a retirada do site da internet de forma positiva. "É bom por que acaba com a exibição das imagens. As investigações vão demorar mais, é claro. Os responsáveis vão fazer de tudo para se esconder a partir de agora. Mas eu garanto que nós vamos encontrá-los."
A equipe do "Trankeiras Londrina" também se utilizou do site, antes dele ser retirado do ar, para 'se gabar'. Em uma publicação do início desta semana, os responsáveis pela página alegaram ter recebido diversos e-mails dizendo que estariam sendo monitorados. No entanto, eles não demonstraram preocupação, uma vez que o site estava "hospedado nos Estados Unidos".
O delegado do Nuciber ironizou a audácia dos cibercriminosos. "Já identificamos gente na China, Eslovênia, Canadá e, inclusive, nos Estados Unidos. O nosso 'quintal' é o planeta. Temos todas as condições de localizar os responsáveis, independentemente de onde eles estiverem. Através da hospedagem do site e principalmente dos registros, vamos conseguir descobrir a localização dos mesmos", explicou.
Demetrius de Oliveira conseguiu 'salvar' parte do conteúdo do "Trankeiras Londrina" antes de a página ser retirada do ar. "Vamos fazer uma análise minuciosa do material e dar continuidade ao inquérito. Podemos também oficiar a denúncia e enviá-la, se necessário, para a Polícia Federal, mas ainda é muito cedo para especular sobre isso", observou.
O Bonde também repassou a denúncia à promotora da 6.ª Vara Criminal (Maria da Penha) de Londrina, Suzana Lacerda, que recebeu com surpresa a informação. Ela disse que prefere analisar o material e entrar em contato com o delegado do Nuciber antes de se manifestar sobre o assunto.
Conscientização
Demetrius Gonzaga de Oliveira lembrou que o uso indevido de imagens na internet é crime, mas pediu para que os pais conscientizem os seus filhos sobre a divulgação de qualquer tipo de material na rede. "O uso indevido de uma fotografia dessas pode assombrar a adolescente em questão pelo resto da vida dela. Quando mais velha, a mulher vai se tornar uma escrava da preocupação", argumentou.
A existência da imagem, de acordo com o delegado, pode prejudicar a adolescente no futuro. "Se divulgada uma vez na rede, é impossível retirá-la de lá. A fotografia até vai sumir por um tempo, mas não há certeza de que ela não voltará."
A situação pode ficar ainda pior, segundo o delegado, quando a adolescente passa a divulgar as imagens por conta própria. "Ela pode estar distribuindo as fotografias para pessoas que vão tentar chantageá-la no futuro. Ou até para assassinos e estupradores. Todo cuidado é pouco", analisou.
Oliveira orientou os pais a participarem de palestras sobre o assunto para poderem orientar os seus filhos da melhor forma. "Participem e pesquisem sobre o tema. Mostre a eles (filhos) que a falta de maturidade gera riscos", alertou.