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Em duas semanas

Sem acordo com empresa, funcionários dos Correios de Londrina prometem aderir a greve

Luís Fernando Wiltemburg - Grupo Folha
04 ago 2020 às 16:40

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- Gustavo Carneiro/Grupo Folha
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Os funcionários dos Correios de Londrina prometem aderir à greve nacional da categoria marcada para o dia 18 de agosto. A paralisação é uma reação à falta de acordo com a empresa, que tenta suspender 70 das 79 cláusulas do ACT (Acordo Coletivo de Trabalho) firmado com a categoria.


Segundo o diretor do Sintcom (Sindicato dos Trabalhadores em Empresas de Comunicações Postais, Telegráficas e Similares do Paraná) em Londrina, Cristian Pires, os Correios têm cerca de 500 funcionários na cidade e a adesão à greve deve ser maciça.

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O ACT garante direitos sociais e econômicos para os trabalhadores e, segundo Pires, são conquistas ao longo dos anos que suprem a ausência de aumentos reais de salários. "Um salário líquido de um carteiro não chega, hoje, a R$ 2,2 mil”, afirma.

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Dentre as cláusulas que a empresa quer derrubar estão o fim da licença-maternidade de 180 dias, a extinção de adicional de risco de 30%, além de diminuição do vale-alimentação.

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Além disso, os Correios tentam na Justiça encerrar o acordo coletivo. O ACT foi firmado em setembro do ano passado e o TST (Tribunal Superior do Trabalho) determinou a vigência por dois anos. Entretanto, a empresa recorreu ao STF (Supremo Tribunal Federal), que concedeu liminar para que a validade terminasse após um ano e ainda permitiu reajuste de 100% na mensalidade do plano de saúde.


REFLEXOS NACIONAIS

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Douglas Melo, diretor de comunicação do Sintect (sindicato de São Paulo) e da Findect (federação estadual dos sindicatos da categoria), afirma que os trabalhadores não pediram reajuste e querem condições dignas de trabalho, principalmente diante da pandemia de Covid-19.


"Fazemos serviço essencial. Desde o início da pandemia, a categoria trabalhou de domingo a domingo e, como prêmio, se propõe retirada de direitos", diz o diretor. Ele critica ainda o fim da licença-maternidade de 180 dias. "Como pode uma empresa pública propor algo tão bizarro que fere a legislação brasileira?"

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Além disso, de acordo com Melo, o aumento no valor do plano de saúde foi de quase 100% no valor da mensalidade, o que levou 34 mil funcionários a saírem do plano. O sindicalista afirma que a liminar levada ao Supremo deve ser julgada entre os dias 14 e 21 deste mês.


Em nota enviada à reportagem, os Correios afirmam que estão negociando com a categoria desde o início de julho e dizem que não pretendem acabar com direitos, apenas ajustar os "benefícios concedidos ao que está previsto na CLT e em outras legislações".

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A estatal informa ainda que "segue orientação da Secretaria de Coordenação e Governança das Empresas Estatais (Sest) e as diretrizes do Ministério da Economia, que estão atentos às necessidades de reequilíbrio do caixa financeiro da empresa e de ajustes na concessão de benefícios".


Segundo os Correios, somente com o ajuste no pagamento do tíquete-refeição, que seria pago apenas nos dias efetivamente trabalhados, haveria uma economia de R$ 20 milhões mensais. "A economia prevista com o ajuste dos benefícios hoje concedidos fora do que está estipulado na CLT será de mais de R$ 600 milhões ao ano", diz a nota.

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Sobre a saúde financeira da empresa, o sindicato de SP rebate, afirmando que há três anos a estatal tem tido lucros e, na pandemia, os Correios têm se mostrado como essencial para a economia e para atender quem mora distante.


Sobre a greve, os Correios afirmam que "já possui um plano de contingência formulado para garantir a continuidade de suas atividades, sobretudo nesse momento em que os serviços da empresa são ainda mais essenciais para pessoas físicas e jurídicas".


(Com Folhapress)

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