Buzinas e gritos de comemoração por parte de motoristas e motociclistas marcaram a liberação do trânsito na rotatória entre as avenidas Leste-Oeste e Rio Branco, na Zona Oeste de Londrina, na manhã desta sexta-feira (22).
Às 8h30, funcionários da TCE Engenharia, empresa responsável pela obra, e servidores da CMTU (Companhia Municipal de Trânsito e Urbanização de Londrina) retiraram os cones e as faixas que impediam o tráfego de veículos no local.
Com a liberação, carros, motocicletas e outros automóveis podem seguir pela avenida Rio Branco no sentido Zona Norte, além de acessar a Leste-Oeste pela Rio Branco ao descer pela avenida Tiradentes.
A expectativa da Secretaria Municipal de Obras é que a liberação do fluxo de veículos melhore o trânsito na região. Antes, o local contava com um amplo desvio, que despertava incômodo tanto em motoristas quanto em moradores e comerciantes da região.
"Acreditamos que a liberação do trânsito resolve 80% do fluxo de veículos aqui, pensando, principalmente, na questão dos desvios. Porém, a melhora efetiva nesse cruzamento só vai acontecer com a liberação da trincheira, já que o maior movimento acontece nas marginais. Assim que a obra for finalizada, teremos a solução total do problema, assim como aconteceu no viaduto da Dez de Dezembro", explica João Verçosa, responsável pela pasta.
O estudante de administração Bruno dos Santos é morador da região e diz ter certeza que a liberação do trânsito irá facilitar sua rotina. "A rua da minha casa era um dos caminhos do desvio e estava tendo muito fluxo de carros e motos. Quando ia tirar meu carro da garagem, dependendo do horário, perdia muito tempo", conta.
"Agora que esse desvio não vai mais ser feito, eu e os outros moradores da rua que estavam incomodados com esse movimento que antes não existia vamos ficar mais satisfeitos. Apesar de a obra não estar totalmente terminada, acho que vai fazer diferença, sim", complementa.
Thaís Vicentino trabalha em um comércio da avenida Leste-Oeste e acredita que a liberação do trânsito na rotatória pode melhorar as vendas no negócio.
"Não dá para falar que aquela interdição toda não atrapalhava a gente. Pensa se você, como cliente, ia preferir fazer um desvio para chegar em uma loja ou ir em um concorrente que tivesse um acesso melhor. Isso 'tava' prejudicando as vendas, a loja e os funcionários, já que a gente ganha comissão", explica.
CONCLUSÃO DA OBRA
O secretário municipal de Obras, João Verçosa, conta que a pasta, em conjunto com a Prefeitura de Londrina, está finalizando a avaliação do pedido de prorrogação de prazo, que foi solicitado pela TCE Engenharia no dia 13 de dezembro.
No documento encaminhado à pasta, a empresa pede mais quatro meses para entregar a obra completa. Essa é a terceira solicitação de prorrogação e, após a aprovação das duas primeiras, a conclusão estava prevista para 26 de dezembro deste ano.
Caso o terceiro pedido da TCE Engenharia seja aprovado pela Secretaria Municipal de Obras e pela Prefeitura, o prazo final de entrega da obra será abril de 2024.
Para justificar os atrasos na conclusão, a empresa argumenta que enfrentou uma série de problemas, tais como “materiais com maior resistência durantes as escavações não previstos nas sondagens, a alteração do local para disposição de bota-fora em distâncias maiores que as contratadas, recentes alterações no projeto executivo do aterro sobre a laje do viaduto”, conforme consta no documento protocolado.
Verçosa declarou que, em meados de abril, a obra deve estar totalmente finalizada e entregue à população. "Essa é uma obra que, apesar dos percalços, é importantíssima para a cidade. Estou há 36 anos na administração e, para mim, essa é a maior obra dos últimos 30 anos. Temos quase um quilômetro de extensão e muitas interferências."
PRÓXIMOS PASSOS
O secretário, quando questionado sobre a aprovação do pedido de adição de prazo, afirmou que a pasta terá de liberar.
"Vamos terminar essa obra com a TCE Engenharia. Não pensamos, de maneira alguma, em fazer alguma alteração. Qualquer mudança iria estender o prazo em mais de anos. A empresa vai terminar e estamos analisando cada pedido que tem sido feito com muito critério e, com certeza, no início de 2024 vamos entregar a segunda parte", explica.
A liberação do trânsito na rotatória, conforme aponta Verçosa, deve auxiliar os funcionários da TCE Engenharia na conclusão da escavação da trincheira, que envolve a finalização de galeria e a pavimentação na parte inferior.
SEMÁFOROS
Mesmo sem a trincheira, o trecho liberado na manhã desta sexta-feira não conta com semáforos. Antes da obra, equipamentos de sinalização semafórica estavam instalados na rotatória.
"A necessidade da instalação dos semáforos vai ser avaliada pelos técnicos da CMTU e do Ippul [Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano de Londrina]. Em um primeiro momento, a obra como está agora deve resolver o problema de fluxo", declara o secretário de Obras.
A expectativa da pasta é que, após a conclusão da obra, a liberação do trânsito na trincheira alivie o trânsito na parte superior, o que vai dispensar a instalação dos equipamentos. "A CMTU vai avaliar se os semáforos são necessários agora, mas, com a conclusão, com certeza não vamos precisar."
De acordo com o diretor-presidente da CMTU, Marcelo Cortez, os agentes estarão presentes na rotatória entre as avenidas Leste-Oeste e Rio Branco, pelo menos, por um período de uma semana, assim como especialistas em estatística, que serão responsáveis por avaliar o trânsito.
"Tudo está muito bem sinalizado, mas, se for necessário, podemos voltar com os semáforos. Queremos que os cidadãos tenham a certeza e a tranquilidade de passar aqui com segurança. Logicamente, também precisamos que os motoristas e motociclistas obedeçam às regras de sinalização e tenham paciência para reaprender a passar por esse trecho", argumenta.
O estudo da CMTU deve ser realizado, sobretudo, em horários de pico, como pela manhã, na hora do almoço e no final da tarde. Além disso, Cortez aponta que os técnicos deverão analisar o fluxo de veículos, também, no início do próximo ano.
"As escolas estão de férias e muitas pessoas estão viajando devido ao final de ano, o que altera a dinâmica do trânsito na cidade. Temos que ter a análise do cenário quando houver o retorno do movimento normal."
RECLAMAÇÕES DE FUNCIONÁRIOS
Antes da liberação do trânsito na rotatória, funcionários da TCE Engenharia reclamaram que o vale-compras e a cesta de Natal prometidos pela empresa não haviam sido pagos. O prazo final para o pagamento, segundo os trabalhadores, era quinta-feira (21).
Um dos funcionários chegou a comunicar aos jornalistas presentes no local que haviam fechado os portões e iam aguardar a liberação do vale-compras e da cesta de Natal.
Apesar das reclamações, um dos trabalhadores da empresa, que preferiu não ser identificado, diz ter certeza que a TCE Engenharia irá cumprir com o que foi combinado. "Eles [a empresa] sempre pagam tudo certinho, até adiantado. Acho que nem tem motivo para essa revolta toda. Hoje, inclusive, vão dar um churrasco para a gente", declara.
Ao ser questionado sobre o impacto desse atraso, João Verçosa declarou não acreditar que a obra seja impactada. "De forma alguma essa reclamação vai atrapalhar o andamento e a conclusão dos trabalhos. Não estava sabendo desse caso, mas hoje a programação da empresa prevê até uma festa natalina com os trabalhadores da obra", afirma.
A equipe de reportagem do Portal Bonde tentou contatar a TCE Engenharia por telefone na manhã desta sexta-feira, mas não obteve resposta até o momento de publicação da matéria.
PENALIDADES POR ATRASOS
Com custo de R$ 33 milhões, a obra pode render penalidades à TCE Engenharia devido aos atrasos e aos pedidos de prorrogação do prazo de conclusão.
A empresa responde, atualmente, a um processo de penalidade pela demora. “Se lá na frente a fiscalização analisar que tem ‘pecado mortal’ cometido pela empresa, que causou prejuízos financeiros para o município, vamos cobrar dentro do que é possível e necessário”, advertiu Verçosa.