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Nenhum martelo, nem serra ou bate estaca. Nada foi ouvido nos corredores do Cine Augustus nos últimos 361 dias. A prefeitura tenta obter o imóvel histórico há um ano, mas o processo está emperrado. Parte pela burocracia, parte pelo jogo político.
Em novembro do ano passado, o prefeito Barbosa Neto (PDT) assinou decreto de utilidade pública para desapropriação do Cine Augustus, um dos mais antigos cinemas de Londrina. A intenção era restaurar o espaço e fazer dele um novo centro cultural para a cidade com mil cadeiras e um palco para apresentações teatrais. O estabelecimento também iria contar com uma tela de cinema e um projetor.
Na ocasião, houve uma negociação com os proprietários do imóvel. O município iria ceder três terrenos (mais de 9,5 mil metros quadrados) avaliados em R$ 2,6 milhões e em troca receberia o antigo prédio da região central, com 1 mil metros quadrados de construção e de valor comercial, R$ 3,7 milhões.
O projeto 001/2011, que trata sobre a permuta dos imóveis, tramita desde fevereiro na Câmara de Londrina. Até agora, três comissões internas analisaram a matéria e houve manifestação contrária da Finanças, cujo presidente é Joel Garcia (PP), conhecido adversário do prefeito Barbosa Neto. Ele defende que a área central já possui dois teatros e há a possibilidade de um terceiro se o Teatro Municipal sair do papel. "Não é justo a gente dividir forças. Nós temos um teatro (Ouro Verde) a menos de 300 metros do Cine Augustus, um pouco mais adiante o Zaqueu de Melo, há ainda o Teatro Municipal. Então a Comissão achou por bem manter esforços pelo Marco Zero", explicou.
A mesma preocupação teve a Comissão de Educação e Cultura. "Londrina não tem que gastar esse dinheiro com outro teatro. Será que esse prédio (Cine Augustus) é prioridade para o município neste momento?", questionou o presidente Rony Alves (PTB), embora a comissão tenha apresentado parecer favorável à matéria.
A Associação Comercial e Industrial de Londrina (ACIL) também se manifestou favorável a permuta, assim como da Direção do Festival Internacional de Londrina (FILO). A OAB não se manifestou sobre o assunto. O projeto 001/2011 foi retirado de pauta por tempo indeterminado pelo líder do Executivo, Roberto Fú (PDT).
Procurado pela reportagem do Portal Bonde, o secretário de Cultura, Leonardo Ramos lamentou a demora no processo de posse do imóvel. "Como tudo no serviço público, o tempo é inimigo" disse. O município pretende obter recurso junto ao Ministério da Cultura para reformar aquele espaço.