Londrina perdeu nesta sexta-feira (26) o radialista e músico Milton Paes Landin Filho, aos 58 anos de idade. Miltinho, como era conhecido, tinha um programa na Rádio Brasil Sul e faleceu ao fim da quarentena necessária devido à Covid-19.
Segundo o jornalista Barbosa Neto, proprietário da emissora londrinense, Miltinho teve sintomas leves e retornaria ao trabalho na segunda-feira. "Estive ontem na casa dele, falei com pai dele à tarde, enquanto ele estava dormindo. à noite, Ele iria ontem à UPA (Unidade de Pronto Atendimento) para receber alta, mas não foi. À noite, chegou a notícia de que precisaram arrombar a porta do quarto e ele estava sem vida”, conta Barbosa.
Natural de Bela Vista do Paraíso, Miltinho tinha mais de 20 anos de emissora, calcula Barbosa - quando o jornalista assumiu a rádio, em 2005, o radialista já era funcionário. Tinha, inicialmente, um programa nas madrugadas, que depois passou para a tarde.
Com cabelo rastafari, Miltinho chamava a atenção pelo seu amor pela música e pelo Corinthians, cujo brasão cobria as costas inteiras em tatuagem. Apesar de MPB ser seu estilo predileto, tinha um gosto bastante eclético, indo do clássico ao sertanejo raiz. "Só tinha um estilo que ele não gostava, que é o sertanejo universitário. Ele se recusava a receber as duplas para entrevista em seu programa, como é comum com músicos que querem lançar seus trabalhos”, recorda.
Para Barbosa, Miltinho era um gênio, que gostava de cuidar sozinho do próprio programa. "As tardes para os porteiros, para as empregadas domésticas, aposentados, profissionais liberais que estavam acostumados a ouvir o programa dele, nunca mais será igual.”
Miltinho de todas as tribos
Professor de história e ex-proprietário de loja de discos em Londrina, Denoir Cibié conheceu Miltinho "das tribos urbanas”. Cibié fazia parte do movimento punk, enquanto, à época, Miltinho era do heavy metal. "Mas ele transitava muito bem entre todas as tribos. Isso era devido ao vasto conhecimento musical dele, muito provavelmente por trabalhar em rádio, tocar na noite e ouvir coisas diferentes”, recorda. "Ele sempre foi muito receptivo e estava em todos os ambientes. Era impressionante”, diverte-se.
O radialista passou por outros estilos, também. Teve sua fase disco, sua fase punk e a rastafari, com dreads nos cabelos. Mas, para os mais jovens das outras tribos, era uma referência por ser muito aberto a vários estilos musicais. "A época mais intensa de convivência com ele foi quando ele se aproximou do punk rock e do hardcore”, conta Cibié. e continua. "Era carismático, o Miltinho. Apesar de ter um visual meio agressivo, pelo estilo do heavy metal. Mas, quem não o conhecia, não sabia como ele era”, diz.
Miltinho foi sepultado na manhã deste sábado (27), no Jardim da Saudade, em Londrina.
Nas fotos abaixo, Miltinho sempre estava de camiseta branca sob uma jaqueta; A primeira e a última foram registradas no antigo bar Araucana, um reduto underground da cidade no início dos anos 90. As outras duas, em Curitiba, onde também era conhecido.