O promotor Paulo Tavares criticou nesta semana a consideração da defesa do estudante Pedro Baleotti, 25 anos, de que ele "apenas se manifestou politicamente" ao gravar um vídeo usando o termo "negraiada". A gravação, feita durante o segundo turno das eleições presidenciais, em outubro passado, viralizou nas redes sociais e rendeu demissão do jovem de um escritório de advocacia em São Paulo, onde estagiava. Os advogados sustentam que ele não se referiu a pessoas negras, mas a um grupo de eleitores de um determinado partido.
De acordo com o Ministério Público, a mensagem foi dita "de modo depreciativo e discriminatório, com cunho racial, praticando o denunciado (Pedro) o preconceito de raça e cor". Tavares lembrou que o racismo é um "problema histórico no Brasil. Infelizmente a nossa nação convive com práticas semelhantes de forma tangencial, seja com um vídeo com expressões preconceituosas ou com uma abordagem mais agressiva".
Outro ponto combatido pelo promotor foi a afirmação de que a denúncia não tem provas contundentes. Ele observou que o crime se agravou ainda mais porque foi "cometido por intermédio dos meios de comunicação social, com grande repercussão. Estão demonstradas a autoria e materialidade da conduta delitiva do acusado". A pena é de prisão de um a cinco anos, além de multa.
O juiz da 5ª Vara Criminal, Paulo César Roldão, irá decidir se acata ou não os argumentos do MP. O rapaz responde o processo em liberdade. Procurada, a defesa disse estar convicta da "atipicidade descrita na acusação".