Cerca de 200 moradores da Vila Marísia (área central de Londrina) saíram em passeata nesta sexta-feira à tarde para pedirem paz no bairro. O tiro que acertou o adolescente C.A.S., 17 anos, quando passava perto de uma ''roleta-russa'', no meio da rua, anteontem, provocou indignação geral na população. ''Esse fato foi a gota d'água'', afirmou o pastor Celso Manoel Machado, da Igreja Presbiteriana Independente.
Porém, conforme um dos coordenadores da manifestação, o seminarista Daniel Zemuner, da Igreja Presbiteriana Independente, o movimento pela paz no bairro começou há mais tempo. Mais precisamente em agosto, quando o pintor Evérson Torquato Martins, 33 anos, também morador de Vila Marísia, foi assassinado no Jardim Interlagos (zona leste) com um tiro na boca. Ele foi a 78ª vítima de Londrina este ano.
Das 116 mortes por crime registradas na cidade, segundo Machado, 10 eram moradores de Vila Marísia. O Colégio Estadual Tiradentes e o Centro de Educação Alegria paralisaram as aulas para participarem do ato público. Com cartazes e faixas nas mãos, professores e alunos foram às ruas. ''Muitos estudantes da noite estão faltando a aula ou desistindo de estudar por causa do medo'', afirmou uma das participantes que não quis se identificar.
A manifestação começou no Colégio Tiradentes, passou por diversas ruas até chegar na Igreja Presbiteriana, na Rua Paula Gomes. Segurando uma das faixas, a moradora Ana Lúcia Barbosa Moreira, mãe de 11 filhos, disse que já viu uma pessoa morrer na sua frente. ''A raiz da violência é antiga. As crianças aprendem com os pais'', enfatizou.
Mais de 20 associações e entidades que lutam pela paz estiveram na caminhada. ''A violência está muito presente devido ao tráfico de drogas e aos assaltos. O espírito de Deus está encorajando estas pessoas pela paz'', afirmou o seminarista Carlos Cézar Cândido, do Seminário Paulo VI, e que trabalha na Paróquia Nossa Senhora do Rosário.
O adolescente atingido por um tiro no pescoço, na quinta-feira, está internado na Unidade de Tratamento Intensivo (UTI) do Hospital Evangélico. Nesta sexta-feira à noite, seu estado de saúde era estável. A mãe, a zeladora Maria Judite Justina da Silva, 47 anos, acha que, apesar do disparo acidental, ele foi vítima da briga de gangues.
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