Para a população que vive à margem de tudo inclusive das condições dignas de vida os últimos dias marcaram o início da época mais cruel do ano. Em todas as estações falta comida, falta conforto, falta trabalho, falta atenção do poder público.
Mas o outono e o inverno trazem problemas extras. Não há como evitar a terrível sensação trazida pelo frio quando não há roupas suficientes no armário e o chuveiro elétrico não passa de um sonho.
Na última quinta-feira, por volta das 16h30, a dona-de-casa Alecsandra Aparecida Germinari, 22 anos e quatro filhos, se preparava para dar banho no caçula, Guilherme, de ''quase um ano''.
O garoto brincava já há um tempo por ali, sob a cobertura que faz as vezes de varanda/lavanderia do barraco da família e próximo à fogueira que aquecia a água para o seu banho.
Nu da cintura para baixo, parecia não se incomodar com a temperatura que já começava a baixar lá para os lados do Assentamento São Jorge (Zona Norte). ''Ontem não tive coragem de dar banho nele. Fico com medo dele adoecer'', confessou a mãe.
Alguns minutos depois, lá estava Guilherme, em pé dentro do tanque, olhos arregalados, perninhas tremendo. A pouca água que lhe serviu para o banho veio de um canecão e foi esquentada numa fogueira feita ali mesmo, na varanda.
Ele não chorou, como era de se esperar. Talvez porque há 11 meses aquela é a sua banheira, e o pequeno espaço sem paredes o seu banheiro. Terminado o rápido ritual de higiene, a mãe o carrega para dentro, molhado. ''Não tenho toalhas'', diz ela, visivelmente constrangida. Logo depois, volta com o garoto enrolado em uma camiseta velha.
Os dias que antecederam o frio também não foram fáceis. ''Com a chuva, não dava para lavar roupas e eles ficaram sem ter o que vestir. O nenê chegou a dormir peladinho.''
A chegada antecipada do frio fez o Programa do Voluntariado Paranaense (Provopar) lançar um apelo à comunidade no início desta semana, para que as doações de cobertores e roupas sejam feitas o mais rápido possível.
As doações de cobertores e agasalhos podem ser feitas em um dos cerca de 100 pontos de coleta espalhados pela cidade, além da sede do Provopar (Avenida Juscelino Kubitschek, 2.882).
Para quem quiser informações sobre o local de arrecadação mais próximo de casa, ou desejar que o Provopar vá até a residência para recolher o material doado, basta ligar para os telefones (43) 3324-2397 e 3324-5456.
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