A juíza do Tribunal do Júri de Londrina, Elizabeth Kather, pronunciou os policiais militares de Londrina Edney Ronaldo Gomes e Rangel Barbosa da Cunha pela morte de Rafael Bezerra da Silva, aos 20 anos, no final de 2004. O jovem era filho do ex-jogador de futebol do Londrina Esporte Clube, José Carlos da Silva, o Zequinha.
A pronúncia significa que eles praticaram homicídio doloso (com a intenção de matar) e serão julgados por Júri Popular.
Raphael foi baleado com 14 tiros na noite de 16 de novembro de 2004 e morreu 41 dias depois, período em que ficou internado em unidade de terapia intensiva.
A juíza Elizabeth Kather acolheu a denúncia do Ministério Público entendendo que os dois policiais militar, que à época trabalhavam na Rone, cometeram homicídio duplamente qualificado por meio insidioso ou cruel e mediante recurso que torne impossível a defesa da vítima.
Homicídio qualificado é considerado crime hediondo, conforme anotou a juíza em sua decisão.
Outro policial suspeito de envolvimento no crime, Sergio Fontanetti, foi absolvido sumariamente porque a juíza entendeu que ficou provado que não houve participação dele.
A promotora do Tribunal do Júri, Luciana Marcos Rabello Zuan Esteves, deve recorrer ao Tribunal de Justiça para incluir Fontaneli como autor de fraude processual.
Segundo o Movimento Londrinense contra a Repressão, a operação da Rone que terminou com a morte de Rafael buscava um pneu e macaco roubados com os quais a vítima não tinha relação.
A fraude teria ocorrido ainda no hospital, quando os projéteis retirados do corpo da vítima teriam desaparecidos.
O pai de Rafael, José Carlos da Silva, o Zequinha, disse à Rádio Paiquerê AM que a decisão da juíza é uma vitória e espera agora o julgamento pelo tribunal do júri. "Tenho sofrido muito nesses 8 anos e dois meses, mas tenho lutado não por vingança, mas para que meu filho tenha justiça assim como outras vítimas da violência policial", declarou.
Rafael atuava como jogador semi-profissional no clube Sport Lisboa, em Portugal. Na ocasião do assassinato, passava as férias com a família, no Brasil.
O capitão Ricardo Eguedes, porta-voz do 5º Batalhão da Polícia Militar, disse que os dois policiais continuam trabalhando. Os processos internos contra os dois foram arquivados. (As informações são da Rádio Paiquerê AM)