Qual a relação entre um frade católico italiano, que viveu entre os anos 1181 e 1226, e os moradores de uma cidade como Londrina, que surgiu centenas de anos depois? O nome desse frade é Giovanni di Pietro di Bernardone, mas ficou conhecido entre os católicos como Francisco de Assis, ou São Francisco de Assis.
Ele é tão popular que muitas pessoas, apesar de não serem devotas do santo, possuem imagens dele em casa. É esse vínculo que o projeto cultural “Francisco de Assis e Londrina: faces e histórias” quer descobrir por intermédio de pesquisa histórica e patrimonial sobre imagens do frade. O trabalho quer narrar e preservar as histórias dessas pessoas.
O projeto é conduzido por André Pelegrinelli, doutorando em História Social pela Universidade de São Paulo e em História, Antropologia e Religião pela Università degli Studi di Roma ‘La Sapienza’; e por Angelita Marques Visalli, doutora em História Social pela Universidade de São Paulo e docente de História Medieval no Departamento de História da Universidade Estadual de Londrina.
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Segundo Pelegrinelli, após levantamento, entrevista e catalogação, será realizada uma exposição virtual e um catálogo físico com uma amostra da diversidade de imagens plásticas de Francisco em Londrina, seja em espaços comunitários (como edifícios religiosos) ou acervos privados. A iniciativa surge a partir de uma exposição cultural realizada em 2018 no Museu Histórico de Londrina com a mesma temática.
Para ampliar o acervo de obras coletadas naquele período, a dupla está realizando uma nova campanha de levantamento de imagens e todas as pessoas que possuam imagens de Francisco em suas casas são convidadas a participar.
A partir do contato estão sendo realizadas entrevistas e fotografias com o proprietário e a imagem. “Essa pesquisa faz com que a gente entenda essa imagem como um estudo de caso muito interessante para entender a própria cidade. Por onde as pessoas andam para comprar essas imagens que elas possuem nas casas delas?“ , destacou Pelegrinelli.
Os moradores de Londrina têm as mais diversas origens e formações culturais; Francisco, por sua vez, embora santo católico, é admirado por pessoas de diferentes religiões e até mesmo sem um referencial religioso. Instrumento político, cultuado por religiosos, símbolo para ambientalistas.
“Francisco se adapta muito bem a diferentes discursos e públicos. As posturas possíveis diante de suas imagens (devoção, colecionismo, superstições, etc.) nos ajudam a pensar um mundo complexo, no qual as imagens ocupam um espaço cotidiano e constituinte do nosso modo de lê-lo”, detalhou o professor.
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