O médico especialista em emergências Paulo André Chenso, 69, faleceu na noite desta quinta-feira (25) pela Covid-19. Chenso era clínico geral e foi plantonista nos hospitais Santa Casa e Mater Dei durante 39 anos (entre 1980 e 2019). Atualmente, ele trabalhava no Pronto Atendimento da Unimed em Londrina.
Chenso foi membro do Conselho Fiscal da Unimed por três gestões e realizou plantões na companhia do atual presidente da cooperativa, Omar Taha. "Ele sempre foi de uma atuação muito equilibrada, muito positiva e muito pró-ativa. Ultimamente, ele estava muito envolvido com os pacientes do Pronto Atendimento da Unimed. Era um dos nossos melhores médicos plantonistas. Fiz alguns plantões com ele e ele sempre estava muito dedicado aos pacientes. Tinha alma grandiosa e uma capacidade muito grande de ouvir as pessoas, analisar e sempre falar com bom senso”, lamentou Taha.
O clínico geral também era escritor e lançou vários livros. Entre eles, o resgate histórico sobre os "50 anos do curso de medicina de Londrina”, lançado em 2018 pela Eduel (Editora da Universidade Estadual de Londrina). Chenso fez parte da 11ª turma do curso da UEL
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"Ele tinha muitos predicados. Era um intelectual e escrevia muito bem. Pesquisava muito. Tinha uma verve de produção literária. Fez romances, contos e livros históricos. Ele era uma pessoa excepcional”, comentou.
Discreto e observador, o plantonista também foi professor em cursinhos da cidade e reencontrou alguns alunos já formados nos corredores dos hospitais de Londrina. "Ele tinha também uma outra característica interessante, era um grande desenhista. Fazia desenhos muito apurados da parte de anatomia médica. Desenhos de pessoas, de faces, de órgãos anatômicos, artérias e veias que eram de uma riqueza gráfica muito bonita”, destacou Taha. As obras chegaram a ser expostas no Pronto Atendimento da Unimed onde atuou nos últimos cinco anos.
Em janeiro de 2016, Chenso descreveu a rotina como plantonista no artigo "As portas de um hospital”, publicado na FOLHA. "As portas de um hospital são inferno e paraíso ao mesmo tempo. Ali choram parentes por seus entes queridos que se foram. Ali também, parentes riem e choram de alegria, por seus entes queridos curados, que vão para casa. Ora lágrimas de dor, ora lágrimas de alegria. Angústias esmagadoras, esperanças desesperadas agarram-se às macas ensanguentadas que correm pelos corredores do pronto-socorro, numa última tentativa de tocar o ente querido acidentado. Mas as portas, frias e sem alma, se fecham atrás deles, deixando na sala de espera três ou quatro corações disparados, apertados, dilacerados... Mas cheios de fé, de esperança que os médicos farão ‘algo’ para salvar a vida tão preciosa ”, detalhou.
De acordo com a AML (Associação Médica de Londrina), Chenso foi o sexto profissional associado que faleceu pela Covid-19. Olavo Mazão, Tsutomu Higashi, Wanderley Zanotto Lopes dos Santos, Axel Werner Hulsmeyer e Paulo Fernando de Moraes Nicolau também morreram após infecção pelo novo coronavírus. O corpo de Paulo André Chenso foi velado e sepultado no Parque das Allamandas.
Confira o artigo 'As portas de um hospital' escrito por Paulo André Chenso na FOLHA.