O pai, para sustentar seus filhos, assume diversas funções, como pedreiro, carpinteiro, professor, entre outras. Mas se o filho apresentar seu pai como um padre, a imaginação humana permitirá diversas conotações. Essa vai ser, com certeza, a experiência dos irmãos Gabriel Wellington Czervinski, 9 anos, e Paulo Henrique Czervinski, 5 anos, adotados há pouco mais de um ano pelo padre José Roque Neto, o ''padre Roque'' da Igreja Santa Rita de Cássia, no Jardim Califórnia, zona leste de Londrina.
A palavra padre vem do latim e no seu sentido etmológico significa pai. Assim, o desejo da paternidade sempre esteve presente na vida de padre Roque em busca da formação espiritual de seus muitos filhos, os fiéis. Mas ele buscava algo mais, como a criação de um casa que acolhesse crianças sem família ou mesmo a adoção.
O desejo do padre sempre foi do conhecimento de seus paroquianos. Até que um casal da comunidade, que conhecia os meninos, lhe sugeriu que cuidasse dos dois. A mãe, por problemas familiares, ameaçava entregá-los, pela segunda vez, ao Conselho Tutelar. A decisão exigia pressa e muito amor. E foi esse, o ingrediente principal.
Padre Roque contou com a compreensão do juiz da Vara da Infância e da Juventude, Dimas Hortêncio de Mello, que apressou o processo legal de adoção. Antes disso, padre Roque propôs à mãe dar-lhe uma casa na comunidade e condições para que ela mesma cuidasse dos meninos, mas a proposta foi recusada.
Nos primeiros meses, segundo o padre, o mais difícil foi a adaptação de Gabriel e Paulo a limites e regras, as quais desconheciam. Recusavam até os gestos de amor. ''Não me ame. Eu não quero ser amado por ninguém, senão você vai me mandar embora'', expressava Gabriel. Hoje os meninos levam uma vida normal com um pai e o privilégio de muitas mães.
*Leia mais na reportagem de Célia Guerra na Folha de Londrina/Folha do Paraná deste domingo