Um grupo de mulheres ativistas feministas lançaram, nesta quinta-feira (29), o Observatório de Feminicídio de Londrina, uma iniciativa com objetivo de se consolidar como um dispositivo de ações de enfrentamento da violência contra as mulheres. O Observatório busca promover a participação da sociedade civil no acompanhamento das ações de formadoras/es de opinião, da administração pública e do sistema de justiça.
Por meio do site, a organização da sociedade civil vai divulgar e acompanhar o andamento de processos dos casos de feminicídio consumado e de feminicídio tentado em julgamento pelo Tribunal do Júri na Comarca de Londrina. O grupo pretende sistematizar, analisar e dar visibilidade a dados sobre situações de feminicídios ocorridos no município, produzindo conhecimentos que subsidiem estratégias de monitoramento e de prevenção da violência feminicida. Também está no escopo de ações o acompanhamento de processos e audiências judiciais dos casos e a publicização do fluxo de atendimento para as mulheres e seus familiares atingidas/os por práticas de violência feminicida.
Informes sobre processo
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"Entre as ações do Observatório, está o nosso compromisso em produzir regularmente informes com dados básicos sobre processos criminais, com o intuito de gerar informação qualificada para a sociedade e para veículos de imprensa interessados em cobrir os casos”, divulga o grupo. A ideia é incentivar que casos de feminicídio sejam evidenciados como parte da memória da cidade e ainda, ressaltar a urgência da consolidação de práticas de controle social e de articulação da rede intersetorial para o atendimento público desses casos.
Voz para Neia
A mobilização para criar o Observatório do Feminicídio de Londrina iniciou em janeiro de 2021, quando a Frente Feminista e um grupo de mulheres feministas ativistas de Londrina organizaram-se para chamar atenção da opinião pública sobre o julgamento do agressor de Néia, Cidneia Aparecida Mariano da Costa, sobrevivente de tentativa de feminicídio praticada por Emerson Henrique de Souza, em 9 de abril de 2019. "Da articulação criada para aquele episódio, surgiu a vontade de fundar a organização", pontuam.
O Informe nº 1, já disponível no site, apresenta o caso de tentativa de feminicídio contra Edneia Francisca de Paula e outras informações recentes sobre o tema, considerando eventos em Londrina. "Este primeiro número é publicado enquanto o Brasil vive o aprofundamento das tragédias sanitária, econômica, política e social agravadas pela pandemia de Covid-19 que potencializa outra pandemia, a da violência contra as mulheres.
A Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH) tem reportado o crescimento de assassinatos de mulheres na região no contexto do isolamento social gerado pela pandemia de Covid-19. Nesse momento, tornam-se ainda mais urgentes ações do Estado para prevenir, responder e remediar fatos de violência e de discriminação contra as mulheres”, destacam.
A violência feminicida ceifa a vida das mulheres, vitimiza mulheres diretas e indiretas, como filhas, filhos e familiares da mulher; é um atentado à dignidade humana das mulheres e um ônus para o conjunto da sociedade. Ao dar visibilidade aos processos e dar voz às mulheres que foram caladas simbolicamente ou literalmente por homens feminicidas, o Observatório busca contribuir para a construção de uma sociedade melhor no futuro, onde mulheres e homens contem com o mesmo reconhecimento de sua dignidade humana e direitos fundamentais.