Londrina

Número de usuários de ônibus cai 25% em Londrina

11 jun 2003 às 21:21

Vence nesta quinta o prazo dado pelo juiz substituto Álvaro Rodrigues Júnior para que a prefeitura, a Companhia Municipal de Trânsito e Urbanização (CMTU), a Transportes Coletivos Grande Londrina (TCGL) e a Francovig entreguem seus pareceres antes de decidir sobre o pedido de liminar do Ministério Público.

O promotor de Defesa do Consumidor, Miguel Sogaiar, ingressou com ação pública pedindo o cancelamento do reajuste da tarifa do ônibus (R$ 1,35 para R$ 1,60).


A audiência pública realizada no início da semana na Câmara, a respeito do reajuste, continua despertando discussões. Sogaiar disse, na audiência, que o número de usuários pagantes do transporte coletivo caiu de 4,18 milhões por mês em 1994 para 3,6 milhões atualmente, e perguntou como isso era possível se a frota de ônibus subiu 32%, o número de quilômetros rodados por mês pelos veículos do serviço se elevou em 57% e a população cresceu.


''Os números não estão errados, mas a interpretação do promotor está equivocada'', diz o presidente da CMTU, Wilson Sella. ''O decréscimo de passageiros do transporte coletivo é um fenômeno nacional. É o resultado do desemprego, das defasagens salariais da população e do incentivo à aquisição de carros populares.''


Segundo o gerente da TCGL, Gildalmo de Mendonça, um relatório da Associação Nacional dos Empresários de Transporte Urbano (NTU), de agosto do ano passado, aponta que nas oito maiores capitais do país as empresas do setor perderam 25% de passageiros desde 94. ''A frota e os quilômetros rodados aumentam porque é necessário atender aos novos bairros que vão surgindo. Nem isso nem o aumento da população implicam em maior número de passageiros. Esta nova população pode ter carro, ou não ter dinheiro pra andar de ônibus. E a proporção entre passageiros e quilômetros rodados diminui'', argumenta.


O desequilíbrio financeiro da TCGL e da Francovig foi a justificativa da CMTU para o reajuste da tarifa.


O presidente do Sindicato dos Trabalhadores em Transportes Rodoviários de Londrina (Sinttrol), João Batista da Silva, afirma que é o momento de discutir formas de evitar a redução do número de usuários. ''O transporte coletivo tem que ser tratado como prioridade'', diz ele.


No dia 22 de maio a Folha publicou reportagem mostrando as principais queixas de usuários de ônibus, entre elas veículos lotados nos horários de rush e longo período de espera pelo coletivo no resto do dia.


Enquanto não se resolve a questão judicial, os usuários se queixam do único documento a que tem acesso que justifica o aumento da tarifa: a planilha. O documento está na internet, no site www.londrina.pr.gov.br


''Não sei nem onde olhar nisso daí'', disse Édson Silva, do setor de compras de uma empresa da cidade, ao ver o documento. ''Não adianta justificar o aumento com a planilha que o povo não entende.'' A cozinheira Valdelice Nogueira concorda. ''Isso não adianta nada. O que incomoda é que aumentaram demais, sem avisar com a devida antecedência e sem pedir opinião'', criticou.

''Este não é um documento para leigos. O que a CMTU deveria ter feito era ter aberto a planilha para especialistas antes do reajuste, para que alguém de algum órgão isento analisasse se o aumento era justo'', afirma o delegado do Conselho Regional de Economia, Renato Pianowski de Moraes. Sella concorda em parte com as críticas e diz que no próximo aumento de tarifa a planilha será aberta para estudos antes do reajuste.


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