Para evitar a repetição de ocorrências como a registrada no Colégio Estadual São José, na zona oeste de Londrina, onde um aluno foi baleado no rosto na noite da última sexta-feira, o Núcleo Regional de Educação (NRE) quer que a Polícia Militar (PM) intensifique as ações preventivas nas escolas estaduais.
A chefia da regional de ensino afirmou nesta segunda-feira que os alunos matriculados nas ''escolas mais problemáticas'' deveriam ter suas bagagens revistadas antes de ingressarem nas salas de aulas.
''Há a necessidade de uma ação preventiva emergencial da Polícia Militar'', justificou o chefe do NRE, Rony dos Santos Alves.
De acordo com ele, a medida de prevenção poderia ser acompanhada de outras ações como, por exemplo, um amplo debate sobre a perda dos valores sociais.
Na noite desta terça-feira, a direção do NRE pretende discutir o problema com a comunidade, professores e funcionários.
O estudante R.C.O., de 17 anos, que cursa o primeiro ano do ensino médio do Colégio São José, foi atingido por um projétil no maxilar inferior quando conversava com uma colega no pátio de acesso às salas.
Segundo o chefe do NRE, um outro estudante de uma escola também localizada na zona oeste, cujo o nome foi preservado, já teria sido flagrado armado pela PM este ano.
R. contou nesta segunda-feira que o autor do disparo e colega de classe, L.A.S, de 15 anos, estaria mostrando uma pistola Beretta, calibre 6.35, a um outro amigo.
''Ele tirou o pente, apontou a arma para mim e apertou o gatilho, mas tinha uma bala na agulha'', relatou o jovem.
Mesmo assim, ele disse que foi um acidente. R. garantiu que nunca viu o colega nem outros alunos entrarem armados na escola.
A diretora-geral, Rosa Maria Tanios Yatsu, também garantiu que o colégio é tranquilo e que, em 23 anos trabalhando no local, ''nunca teve problema com alunos armados''. À noite estudam 146 alunos.
A Folha apurou que o autor dos disparos teria passado a andar com a pistola há alguns meses, pois estaria sendo ameaçado por adolescentes do Jardim Pantanal.
O motivo seria a amizade de L. com moradores do bairro vizinho, o Jardim Nossa Senhora da Paz. Os jovens dos dois bairros mantém uma ''rixa'' que se arrasta desde o ano passado e já resultou em homicídios.
A mãe adotiva de L., R.O.S., 53 anos, disse que o jovem começou a ''andar'' com más companhias e que nos últimos meses estava morando com um amigo, no Jardim Nossa Senhora da Paz.
Ele teria ''aparecido'' em casa apenas para dormir de domingo para segunda-feira e ela não sabia de seu paradeiro. ''Nunca pensei que ele estivesse armado'', afirmou.
Segundo ela, o menor não tinha antecedentes e se apresentou à polícia no último sábado.