O Ministério Público (MP) de Maringá está questionando o que chama de 'jogo de empurra' de uma paciente que deveria ter recebido uma prótese no Hospital Universitário (HU) de Londrina há mais de 15 dias e ontem, sem o procedimento ter sido feito, recebeu ordem para ser transferida para outro hospital em Curitiba.
O que o MP questiona, segundo Carla Barros, assistente social, é porque foi mobilizada uma ambulância com UTI móvel para transferir a paciente para Londrina e não diretamente para Curitiba, e ''porque passadas quase três semanas o problema não foi resolvido''. ''Ela não está bem, tem risco de morte e a família questiona a demora e a transferência. E, nós, do Ministério Público estamos questionando esse 'pingue-pongue', esse 'jogo de empurra' com uma mulher que está com o coração quase parando'', afirmou.
O caso, segundo Carla, é da paciente Irdaci Bebeossan, de 50 anos. Segundo informações da filha de Irdaci, Neide Bebeossan Lucas, e do próprio MP, ela passou mal no dia 14 de janeiro e foi encaminhada para o hospital municipal com suspeita de infarto. De lá, foi transferida, em 21 de janeiro, para o Hospital Santa Rita, ainda em Maringá, onde foi diagnosticada uma arritmia crônica e a necessidade de colocação de um cardiodesfibrilador implantável.
Com o diagnóstico, o hospital de Maringá acionou a Central de Leitos do Estado para a transferência da paciente para um hospital de referência no procedimento. E Irdaci foi transferida para o HU de Londrina, onde, segundo a assessoria de imprensa, deu entrada no dia 8 de fevereiro. Mas, desde então, a paciente só passou por exames.
Ontem, a assessoria de imprensa do HU informou que o procedimento não foi feito porque não teve autorização da diretoria de Avaliação, Controle e Auditoria (Daca), órgão da secretaria municipal de Saúde, que autoriza ou não todos os procedimentos de alta complexidade no hospital.
A diretora do Daca, Vânia Brum, disse ontem que o procedimento não foi autorizado porque ''não temos recursos para pagar esse implante''. O custo só da prótese, segundo ela, é de R$ 60 mil, e ''o hospital tem que pagar o fornecedor de próteses''. ''Não gostaríamos que essa situação estivesse acontecendo, mas Londrina tem dificuldade em relação ao teto financeiro para pagar procedimentos de alta complexidade. Estamos em negociação com o Ministério da Saúde para aumento desse teto justamente para que isso não ocorra, mas ainda não há uma definição''.
Vânia explicou ainda que a Secretaria de Estado de Saúde foi consultada para pagar o procedimento e a orientação foi a transferência para Curitiba para o Hospital Angelina Caron, porque seria ''mais fácil juridicamente e mais ágil liberar o recurso para um hospital contratado pelo Estado''. Questionada sobre a demora na realização da cirurgia e o risco que isso poderia trazer à Irdaci, Vânia disse que ''a paciente não fica no prejuízo e vem sendo assessorada e monitorada até conseguir fazer o procedimento''. Ontem, a família de Irdaci viria à Londrina para decidir pela transferência.