Motoristas de vans e micro-ônibus de Londrina e região saíram em comboio pela BR-369, na manhã deste sábado (29), para protestar contra a resolução 4.777 da Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT), cujo texto restringe as viagens interestaduais e internacionais em até 540 quilômetros. A nova regra começou a valer neste mês em todo o território nacional.
Cerca de 100 manifestantes estacionaram seus veículos em um posto de combustível em Arapongas e penduraram faixas com frases de protesto. De acordo com José Maria Silvestre, um dos participantes do movimento, a nova medida dificulta a realização de viagens e, consequentemente, atendimento às necessidades de clientes, podendo ocasionar até desemprego no setor. "Consideramos a regra inviável, pois não conseguimos trabalhar com essa quilometragem. Fere o direito de ir e vir e ainda obriga o cidadão a procurar um ônibus", argumenta. "Eu, por exemplo, tenho quatro veículos e, com a diminuição do número de viagens, posso ser obrigado a dispensá-los. São trabalhadores que têm suas famílias e dependem disso para sobreviver. Imagine quantas pessoas podem ficar desempregadas".
No artigo 26 da resolução, as vans e micro-ônibus (8 a 20 lugares) só podem realizar o fretamento turístico limitado e contínuo a 540 km por viagem, ou seja, 270 divididos em ida e volta. O tempo de permanência no destino também está restrito a 12 horas, assim como a duração de deslocamento, contando da origem ao destino.
"Se uma família deseja passar o fim de semana na praia, o motorista só pode ficar 12 horas no local. Eles estão tirando o direito do cidadão decidir quanto tempo quer ficar no destino. Estamos sujeitos a multa e retenção do veículo em caso de descumprimento", reclama.
A categoria reivindica a alteração da regra, com aumento para, no mínimo, 2 mil quilômetros. "Em princípio, queremos a liberação total. Se não for possível, 2 mil km já ajudaria, desde que seja da divisa do estado e não da cidade de origem", completa.
Segundo a ANTT, esse tipo de viagem era proibido em veículos com menos de 20 lugares. Até então, os motoristas tinham que usar ônibus maiores, mesmo que os assentos ficassem vazios. A reportagem do Portal Bonde não conseguiu contato com a assessoria da Agência até a publicação desta matéria.