O discurso do presidente da República Luís Inácio Lula da Silva nesta sexta-feira (12), durante a inauguração da sede da Dedic (empresa de call center da Portugal Telecom), em Londrina, manteve-se fiel ao jeito Lula de falar. Com frases de efeito a todo instante, o presidente usou do seu tempo para expor, no geral, sobre diversas atitudes tomadas durante o seu governo e que pra ele "transformaram o Brasil". O principal ponto da fala do presidente gerou em torno da palavra oportunidade. Lula colocou-se como exemplo e afirmou que foi através das oportunidades que ele chegou à presidência da República.
"Vamos ver o meu caso. Estava pensado na sociologia brasileira que eu, pernambucano de Caetés, sem diploma universitário, com único diploma de torneiro mecanico, chegar à presidencia da República? Criar um partido político? Criar uma central? Não estava escrito isso. Só aconteceu porque um dia eu tive a oportunidade de aprender uma profissão, por essa profissão eu tive a oportunidade de entrar em uma grande fábrica, por ter entrado em uma grande fábrica, eu fui convidado para entrar em um sindicato e foi aí que minha cabeça política se abriu e eu então comecei a perceber que nós precisaríamos criar instrumentos institucionais e políticos que pudessem fazer valer a vontade da maioria do povo brasileiro".
Foi fazendo-se de exemplo que Lula ressaltou a importância da instalação da Dedic em Londrina, pela oportunidade que irá criar para jovens e também pessoas que estão fora do mercado de trabalho e precisam ser inseridas. O presidente da República aproveitou isso para criticar setores da imprensa e por vez explicar o motivo de sair de Brasília para inaugurar obras pelo Brasil.
"Setores da imprensa costumam divular desgraça o dia todo. Tem que divulgar, claro, mas é triste que milhões de coisa boas não aparecem em lugar nenhum. Já me falaram que inauguração não é noticia, da mesma forma que gerar mil empregos não é noticia. Mas se uma jovem de Londrina comete delito é noticia no país inteiro. O Brasil precisa sempre que possivel ouvir os bons exemplos que acontecem no país. Alguém poderia perguntar por que inaugurar obras? Não tem coisa mais importante para fazer em Brasília? Certamente não. Porque não tem nada mais importante do que saber e fazer do que olhar na cara das pessoas do país e ver a alegria das pessoas que estão vencendo na vida. Não tem nada mais extraordinário ver histórias de dedicação, tentativas, fracassos e no final a vitória. Esta história precisa ser contada todos os dias. É por isso que venho aqui, para mostrar o outro lado da moeda que funciona".
O tom emocional e a observação de que muitas vezes o que falta às pessoas é uma oportunidade foram mesmo o destaque no discurso. Lula reforçou a importância dos programas sociais e argumentou que as pessoas que fazem parte destes estão lá por necessidade, e não por orgullho.
"Essa gente que está aqui morando na periferia, se a gente deixá-los sempre sendo tratados como pessoas de segunda classe o resultado a gente sabe qual é: são os filhos na cadeia, são crianças na droga. Na hora que a gente aponta para eles a perspectiva de uma chance, de uma oportunidade, como a que eu tive, como a que vocês [trabalhadores] estão tendo, essas pessoas renascem novamente, começam a acreditar no país, começam a acreditar na cidade, começam a acreditar no poder público e essas pessoas começam a transformar o país. o que faltou durante muito tempo foi oportunidade, entender que não existe ninguém burro, ninguém incompetente. o que o ser-humano precisa é que alguém lhe estenda a mão e diga: 'vamos subir os degraus da escada que a vida nos oferece'."
Para concluir, Lula ressaltou conquistas como a Copa do Mundo de 2014 e as Olímpiadas. Para ele, isso vai gerar diversos empregos e oportunidades. E que agora, com investimenos na educação e na qualificação, o país pretede exportar inteligência e conhecimento.
"A nossa ambição de crescimento não tem limite, nós cansamos de sermos um país de segunda categoria, inferiores. Nós resolvemos virar o jogo. Eu acho que este país não pode abdicar de o século XXI ser o do Brasil. O Século XIX foi da Europa, o XX foi dos Estados Unidos, e o século XXI tem que ser o do Brasil"