A experiência negativa da Usina Hidrelétrica (UHE) Mauá, o mito da energia limpa e os impactos das hidrelétricas no meio ambiente são os assuntos que a Ong londrinense Meio Ambiente Equilibrado (MAE) apresentará na Rio + 20, durante o evento paralelo da Cúpula dos Povos, no aterro do Flamengo. A apresentação da Ong MAE está marcada para o dia 17, das 9h às 11h, na Tenda 19 (Irmã Dorothy Stang).
Na exposição, a Ong MAE apresentará o caso da UHE Mauá, apelidada pelos ambientalistas de "A Belo Monte do Paraná". A UHE Mauá é um empreendimento que custou R$ 1,2 bilhão em recursos do PAC. A UHE Mauá é uma sociedade da Copel, estatal de energia do Paraná, com a Eletrosul, do governo federal. Ambas integram o Consórcio Energético Cruzeiro do Sul.
"Mais uma vez, vamos desmascarar o mito de que energia hidrelétrica é energia limpa", diz o biólogo Eduardo Panachão, presidente da Ong MAE. Desde 2008 a Ong MAE denuncia, junto com o Ministério Público Federal, dezenas de fraudes e problemas ambientais e sociais que começaram logo no licenciamento, a partir do EIA/Rima. Até hoje, a UHE Mauá não obteve licença de operação porque ainda não compensou os 2,8 mil hectares de mata nativa (equivalente a quase 3 mil campos de futebol) derrubada para a formação do lago que alterou o leito do Rio Tibagi, terceiro maior rio do Paraná. Nele, estão previstas mais seis hidrelétricas. O procurador da República João Akira Omoto também participa da apresentação na Rio + 20 sobre o tema.
Durante a atividade, os ambientalistas exibem o documentário "Os discursos da Água: energia, poder e desigualdade no Brasil", produzido pelo professor espanhol Antonio Aledo, da Universidade de Alicante. Em 2010, Aledo esteve em Londrina e gravou depoimentos de ambientalistas para o filme. Em 34 minutos, o documentário mostra os problemas enfrentados por ribeirinhos, indígenas e a destruição ambiental provocada por hidrelétricas. Especialistas explicam o panorama energético brasileiro e as formas viáveis de produzir energia sem os mesmos enormes impactos ambientais. "Se as usinas existentes desde a decada de 80 fossem reformadas e readequadas, ganharíamos 8 mil MW sem necessidade de mais destruição ambiental", afirma Panachão. "É o equivalente a uma usina de Itaipu", afirma o biólogo, citando estudos da USP.
A apresentação da Ong MAE também detalhará as ações judiciais contra as fraudes na UHE. Até hoje, o caso resultou em 11 ações civis – uma delas é uma ação de improbidade que resultou na condenação, na Justiça Federal de Londrina, do ex-presidente do IAP e ex-secretário de meio ambiente do Paraná, hoje deputado estadual Rasca Rodrigues (PV). Rasca foi apontado como um dos responsáveis pelos problemas no licenciamento ao dispensar estudos em favor do Consórcio Cruzeiro do Sul. A Empresa de Pesquisa Energética (EPE), a Cenec Engenharia e a Copel também são rés na ação, assim como diversos funcionários públicos que atuaram no licenciamento fraudado.