Um dia depois da interdição da carceragem do 2º Distrito Policial (DP) de Londrina, o sistema prisional da Cidade viveu a situação absurda de não ter onde abrigar os presos. Até o final da tarde desta quinta-feira, dois suspeitos de homicídio detidos pela manhã estavam sob a guarda do delegado Algacir Ramos em uma sala do 6º DP. Ainda sem definição do governo do Estado sobre onde alocar os presos, a ordem era que os detidos fossem apresentados ao juiz de plantão e ficassem sob a responsabilidade dos oficiais que os prenderam.
Na noite de ontem, a Polícia Civil ainda tentou improvisar uma carceragem e desocupou duas celas do 4º DP que abriga a carceragem feminina, também superlotada com excedente de 20 detentas. Um homem, detido por receptação e porte ilegal de armas, chegou a passar a noite no distrito mas uma determinação do juiz de Execuções Penais, Roberto Ferreira Valle, proibiu a medida no início da tarde de hoje. ''A legislação proíbe que homens e mulheres fiquem no mesmo prédio, a não ser que sejam em alas separadas sem contato o que é impossível ali'', comentou.
O Centro Integrado de Triagem (CIT), uma ala anexa à 10ª Subdivisão Policial que serve para abrigar temporiamente os presos até destinação para unidade prisional, também abrigou os suspeitos por algumas horas. Contudo, o próprio delegado-chefe de Londrina, Jurandir Gonçalves André, proibiu a permanência no local e fechou a ala por falta de condições. No local não há colchões, banheiro e alimentação.
No início da noite, os detidos, Marcos Antônio Alves, 20 anos, e Wilson Lima de Oliveira, 18 anos, suspeitos do homicídio do bóia-fria Sebastião Ramos da Silva, 63 anos (veja texto nesta página), foram recolhidos à carceragem da Polícia Federal (PF).
Segundo André, pelo acordo com a PF eles só passariam a noite no local. ''Foi uma medida emergencial pois precisávamos colocar esses suspeitos em um lugar seguro até amanhã'', afirmou.
O delegado pretende pedir nesta sexta-feira uma autorização especial do juiz Roberto Ferreira do Valle para encaminhar os suspeitos à Casa de Custódia de Londrina (CCL). ''Vamos pedir para que se abra uma exceção'', comentou. Contudo, segundo ele, o acordo só vale para os dois suspeitos.
Se novas prisões ocorrerem durante a madrugada, a orientação é que os oficiais responsáveis pela prisão fiquem guardando os suspeitos. ''O 2º DP está interditado, o 4º não pode ser usado, a Casa de Custódia também não recebe presos, então não há o que fazer. Essa situação não foi criada por nós (Polícia Civil)'', justificou.
Além de proibir a transferência de novos dententos, a sentença determinou que a Polícia Civil retire os demais presos do 2º DP em um prazo de um mês a contar de hoje. O local só será liberado após a realização de melhorias.