A Polícia Civil concluiu inquérito no caso do senegalês Ngale Ndiaye, vítima de xingamentos racistas e agressões em setembro, no centro de Londrina. A mulher que o ofendeu e o agrediu será indiciada por injúria real e racial. A partir de agora, o caso será encaminhado ao Ministério Público (MP).
No dia 9 daquele mês, uma moradora de um prédio próximo ao Royal Plaza Shopping, na rua Maranhão, começou a ofender Ndiaye enquanto ele vendia bijuterias na calçada. "Houve a divulgação de que a mulher teria atirado bananas contra ele, mas isso não foi confirmado no inquérito. Fizemos várias oitivas e concluímos que a vítima estava trabalhando no local como ambulante quando a mulher, sem motivo aparente, parou em frente ao senegalês e começou a ofendê-lo. Ela estava chegando em casa com uma sacola contendo cachos de bananas, depois de ter ido à feira. Nos depoimentos, no entanto, ela afirma que as frutas teriam caído na calçada durante a agressão", explicou Jayme José de Souza Filho, delegado do 1º Distrito Policial (DP).
As equipes do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) e do Centro de Atenção Psicossocial (Caps) confirmaram que a mulher estava passando por um surto, já que sofre de esquizofrenia há alguns anos. "Ela recebe cuidados de uma enfermeira, que também foi trazida aos autos e ouvida. A agressão verbal e física foi constatada; resta saber, a partir de agora,
se ela será considerada capaz de responder criminalmente pelo fato, levando em conta suas condições psíquicas apontadas pelos médicos", completou. (Com informações da CBN Londrina).
Relembre o caso
No dia do crime, o ambulante contou ao Bonde que a mulher o chamou de 'macaco', 'preto' e 'ladrão'. Pouco familiarizado com a língua portuguesa, o senegalês só afirmou que não estava entendendo o que havia acontecido.
Depois do ocorrido, alguns populares prestaram solidariedade ao trabalhador e pediram desculpas. Emocionado, o homem afirmou que nunca havia sido alvo de xingamentos até então.
Em Londrina há um ano, Ndiaye mora com outros três senegaleses em um pensionato na rua Belém, na área central. Ele veio ao Brasil para trabalhar e mandar dinheiro para os pais, mulher e filhos.