As pombas estão próximas de virar uma praga urbana em Londrina. Presentes em praticamente todos os pontos da área central, os pássaros dividem opiniões entre os que apreciam sua beleza e os que abominam a sujeira deixada nas ruas e os riscos que isso pode trazer à saúde da população. O problema, inclusive, está na pauta da Secretaria Municipal de Meio Ambiente (Sema) que começa, a partir da semana que vem, um levantamento dos pontos mais críticos para estudar formas de controlar a população de pombas.
Mas não é necessário um estudo criterioso para perceber que aves estão em toda cidade. Na avenida Rio de Janeiro, entre a avenida JK e a rua Professor João Cândido (área central), existem pelo menos três grandes pontos de concentração que envolvem as cercanias do Cemitério São Pedro, toda a região do Bosque e o Terminal Urbano. Situação idêntica ocorre na maioria das praças da cidade e em trechos da avenida Duque de Caxias.
O funcionário público Edvaldo Moisés, assíduo frequentador dos bancos da Biblioteca Central, é favorável ao controle das aves. ''Desde que seja um controle natural e não se extermine os bichos seria uma boa, é muita sujeira, muito incômodo'', acredita, apontando para as luminárias e bancos encobertos pelas fezes dos pássaros.
Apesar das inúmeras reclamações, o fato é que os pássaros têm admiradores suficientes para manter seu bem estar e prover sua multiplicação. Um dos rituais diários do fotógrafo lambe-lambe Jovelino Rofino de Souza é distribuir milho às pombas da praça Floriano Peixoto (área central). Ele faz isso religiosamente entre 10h30 e 11 horas. O milho é doado por um rapaz que não tem tempo de distribuir. Há 42 anos na praça, ele faz o trabalho com prazer. ''Elas não incomodam, não'', afirma.
Mas até entre os admiradores, há quem ache que a população de aves passou dos limites. ''A cidade está infestada, mas sou admirador e gosto muito das pombas. Na minha casa, chego a tratar'', afirma Ângelo Zucco, dono de uma banca de revista. ''Mas não deixa de ser um problema, para andar na rua a gente tem que ir desviando dos montes (de fezes) para não levar um'', acrescenta.
Apesar do estudo ainda não ter começado, o secretário de Meio Ambiente, padre Dirceu Fumagalli, adianta que o órgão não deve tomar medidas drásticas para contenção dos pássaros. ''Tem gente que acha que, para acabar com o problema, precisa cortar as árvores. Isso está fora de questão, vamos tentar buscar um equilíbrio, uma convivência mais harmônica'', disse.
O estudo começa a partir da incorporação de uma médica veterinária à equipe da secretaria, o que deve ocorrer a partir da semana que vem. Fumagalli também estuda ampliar a discussão junto com órgãos ambientais e universidades.