O Instituto de Criminalística (IC) constatou que foi um acidente o atropelamento de Anderson Amaurílio da Silva, ocorrido no dia 13 de junho, durante manifestação contra o aumento da tarifa do ônibus, nas proximidades do Terminal Urbano de Transporte Coletivo. O rapaz morreu 11 dias depois. Segundo laudo do IC, entregue nesta quinta-feira à polícia, Anderson foi puxado por um policial militar, o que ocasionou a queda.
O laudo sobre as fitas das emissoras de TV que registraram o fato foi entregue ao delegado do 1º Distrito Policial, Marcos Belinati. Os peritos levaram duas semanas para analisar as imagens. De acordo com o laudo, Anderson estava com as duas mãos apoiadas no ônibus, tentando impedir que ele avançasse, quando um PM o puxou pelo braço, na tentativa de retirá-lo da frente do veículo.
''O policial tirou o ponto de apoio de Anderson, o que ocasionou a queda'', afirmou o chefe-adjunto do IC, Geraldo Gonçalves de Oliveira Filho, que esteve acompanhado do chefe do Instituto, Darci Dória de Faria. Ele acredita que o motorista do coletivo, Neri Soares da Silva, não tenha culpa, pois respondeu aos comandos dados pela Polícia Militar. ''Mesmo depois que Anderson caiu os policiais continuaram mandando o ônibus avançar'', observou Oliveira Filho.
Belinati deve ouvir nesta sexta-feira pela manhã o policial que aparece nas imagens. O delegado entrou em contato com o 5º Batalhão da Polícia Militar (BPM) para que o PM fosse ouvido ainda hoje, mas não foi possível. ''Estavam todos ocupados com os preparativos para a cerimônia de troca de comando (que acontece hoje à noite: o tenente-coronel Manoel da Cruz Neto assumiria no lugar de Rubens Guimarães de Souza)'', justificou Belinati.
O delegado espera concluir o inquérito ainda nesta sexta. Segundo ele, assim que a investigação for enviada ao Ministério Público, o policial que puxou Anderson deve ter seu caso encaminhado para a Justiça Militar.
O então comandante do 5º Batalhão, o agora coronel Rubens Guimarães de Souza, também pode ser responsabilizado. ''A intenção do comandante seria dispersar os manifestantes, mas pode haver uma parcela de culpa'', afirmou Belinati. O motorista também pode ser indiciado. ''Ao mesmo tempo em que ele obedecia a ordens, também foi um pouco imprudente ao avançar com o ônibus'', comentou o delegado.
A poucas horas de deixar o cargo de comandante do 5º Batalhão, Guimarães não quis comentar os encaminhamentos que seriam dados à situação do PM que teria puxado Anderson, nem a possibilidade dele próprio ser indiciado. ''Só vou falar alguma coisa quando receber os laudos'', afirmou.