Londrina

Jovem deu prazo para ex-namorada reatar antes de matá-la

29 dez 2013 às 15:07

A forma brutal como terminou o relacionamento entre Jean Henrique Albino, de 21 anos, e Letícia Monique dos Santos, de 17, chocou a cidade de Cambé no último 22 de novembro, uma sexta-feira. Inconformado com a separação anunciada no domingo anterior, por volta das 15h30 o rapaz procurou a ex-namorada no supermercado no qual ela trabalhava e desferiu dois tiros contra a vítima.

O primeiro disparo foi efetuado no pátio do estabelecimento após Jean Henrique arrastar a jovem para fora. Ferida, ela ainda teve forças para voltar ao interior do supermercado, onde foi novamente baleada pelo ex-namorado. O Siate foi acionado, mas o segundo projétil, que atingiu a cabeça da adolescente, provocou a morte. Diversas testemunhas e até o circuito interno flagraram toda a ação. O acusado foi preso na hora por uma equipe da Polícia Militar que passava pelo local.


A mãe de Letícia, Maria Aparecida da Cruz Raimundo, relata como foi o fim do relacionamento entre os dois. "No domingo, ela falou que não queria mais namorar ele. Ele veio aqui em casa, quebrou tudo, quebrou a porta da frente, entrou, tirou ela daqui e disse que ela deveria voltar com ele. Até o meu braço ele machucou quando arrombou a porta", lembra.


Maria Aparecida conta que ficou assustada com o comportamento do rapaz, que na ocasião deu um prazo de cinco dias para a garota voltar atrás. "Ele achava que era um deus para ela, que ela não podia fazer isso com ele. Ele não aceitou o fim do namoro. Eu falava que ele precisava se acalmar, esperar um pouco, que minha filha estava com medo dele", diz.


Preocupada, a mãe levou a filha para a casa do pai, Claudinei Aparecido dos Santos, que passou a levá-la e buscá-la na escola e no trabalho. "Ele ligou todos os dias, veio aqui na segunda, disse que iria matar todo mundo se ela não voltasse para ele. Na sexta, entrou no mercado e matou minha filha, tirou uma menina amorosa, doce, um anjo. Esse monstro foi covarde, foi cruel, matou minha filha enquanto ela trabalhava", emociona-se Maria Aparecida. "Acabou não só com a vida dela, mas também com a vida de todo mundo, da família inteira. Destruiu a vida de todo mundo, é um pesadelo que não tem fim", indigna-se.


Desolada e ainda muito abalada pela perda brutal da filha, Maria Aparecida clama por justiça. "Um homem como este não pode ficar solto, ele precisa ser julgado e ficar preso, pagar pelo que fez na Justiça daqui ou na de Deus."


Histórico de agressões


O relacionamento entre Jean Henrique e Letícia durou quase dez meses. Os dois se conheceram após o Carnaval e logo passaram a se encontrar. Maria Aparecida, mãe de Letícia, lembra que o rapaz frequentava sua casa sem a sua aprovação. "Ele vinha em casa quando eu estava no serviço. No primeiro dia que eu encontrei ele aqui, falei pra minha filha que não queria mais ver aquele homem. Depois ela falou que queria namorar e eu acabei deixando."


O namoro caminhou bem durante os dois primeiros meses. Depois, episódios de violência e irritação por parte de Jean Henrique passaram a ser frequentes. "Ele dizia para ela que me mataria se ela contasse que apanhava. Ele fez coisas horríveis com ela, eu só fiquei sabendo porque uma amiga me contou. A Letícia nunca falou nada, me protegia, tinha medo de que ele fizesse alguma coisa comigo porque sabia que eu não iria ficar quieta. Mas ele nunca tratou bem, dizia que amava, mas era da boca pra fora", afirma.


A mãe lembra que antes de conhecer Jean Henrique, Letícia namorou outro garoto por cerca de cinco anos, sem qualquer problema. Responsável pela investigação do crime passional, o delegado Jorge Barbosa informa que o histórico de agressões consta dos autos, mas a família não havia procurado a Delegacia de Cambé para registrar um boletim de ocorrência contra Jean Henrique antes do assassinato.


Transferido para a PEL 2


Dada a comoção que o crime despertou em Cambé, Jean Henrique precisou ser transferido para Londrina. "O próprio Jean me afirmou que foi ameaçado por outros presos no interior da delegacia. Achamos melhor mandá-lo para Londrina para preservar sua segurança", afirma o delegado Jorge Barbosa.


O juiz da Vara de Execuções Penais, Katsujo Nakadomari, autorizou a transferência para a unidade dois da Penitenciária Estadual de Londrina (PEL 2), o que ocorreu na última semana de novembro.
Enquanto isso, o processo tramita na Justiça. "É muito difícil que ele responda em liberdade, mesmo sendo réu primário", conclui Barbosa.

RELEMBRE O CASO


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