O Instituto de Criminalística de Londrina recebeu na tarde desta quarta-feira as fitas de vídeo que contém as imagens do atropelamento de Anderson Amaurilio, 21 anos, ocorrido no dia 13, durante o protesto dos estudantes no Terminal Urbano de Transporte Coletivo (área central).
Segundo o delegado do 1º distrito policial (DP), Marcos Belinati, as gravações trazem indícios de que Anderson, deficiente mental e visual, pode ter sido atrapalhado ou mesmo empurrado em direção ao ônibus por um rapaz de camiseta vermelha, que carregava uma mochila nas costas.
''Não posso afirmar que ele empurrou, mas as imagens fornecidas pela TV Tarobá (Band) e pela Rede Paranaense de Comunicação (RPC) dão a impressão de que ele pode ter alguma participação no acidente'', disse o delegado, que também pretende pedir as imagens gravadas pela TV Mix.
''Agora, resta esperar o laudo que a perícia fará sobre as imagens. Belinati é o responsável pelo inquérito que apura o atropelamento e a confusão no protesto, que resultou ainda em dois ônibus depredados.
O comandante do 5º Batalhão da Polícia Militar, tenente-coronel Rubens Guimarães, afirmou que assistiu as gravações e também teve a impressão da participação do rapaz no incidente. Em uma entrevista coletiva na manhã desta quarta, Guimarães relatou o conteúdo do depoimento que prestou na terça à noite ao delegado.
Segundo ele, o acompanhamento da passeata dos estudantes, a preocupação com que a manifestação pudesse dificultar o trânsito na hora do rush e atividades internas do batalhão acabaram impossibilitando-o de prestar depoimento à tarde. ''Perguntei ao delegado se poderia depor à noite e ele não viu problema algum'', justificou.
Guimarães explicou que fez duas tentativas para dar passagem aos ônibus durante a manifestação da sexta-feira 13. Na primeira, os estudantes sentaram em frente aos veículos e não permitiram sua saída. ''A CMTU manteve o pedido para a desobstrução da passagem do terminal, escolhemos então o momento que acreditamos ser o melhor para fazer o cordão de isolamento, para permitir a passagem dos ônibus.''
Ele negou que estava gesticulando para o motorista do coletivo continuar avançando no momento do atropelamento. ''Quando o cordão de isolamento estava a postos, passei a conduzir os ônibus através de gestos, mas duas estudantes furaram o bloqueio e postaram-se à frente do coletivo'', relatou o comandante. ''Pedi então, com gestos, que os soldados as retirassem dali.''
Guimarães preferiu não comentar a postura dos agentes da CMTU durante a confusão, mas pediu que a prefeitura, entidades estudantis, a própria PM, o Ministério Público (MP), a Justiça e mesmo os trabalhadores que estavam no local façam ''uma reflexão'' sobre o ocorrido. ''Não era e não é nossa intenção colocar a Tropa de Choque contra as crianças.''
O presidente da CMTU, Wilson Sella, também prestou depoimento. Ele disse que não estava no local na hora do atropelamento e viu as imagens pela televisão. ''Cada órgão público tem o seu papel e não cabe a mim julgar a atuação da polícia'', disse, ao ser questionado sobre o procedimento da PM. Os estudantes devem prestar depoimento na sexta-feira.
Os estudantes têm realizado protestos contra o aumento da tarifa de R$ 1,35 para R$ 1,60. Anderson está internado na Santa Casa, consciente e respirando sem aparelhos.