As crianças representam uma grande parcela dos casos de intoxicações em Londrina, segundo dados levantados pelo Centro de Controle de Intoxicação (CCI) do Hospital Universitário (HU).
As ocorrências locais seguem a mesma tendência apontada pela Secretaria do Estado de Saúde e confirmada no último levantamento do Sistema Nacional de Informações Tóxico-Farmacológicas (Sinitox). Matéria publicada na edição de ontem da Folha apontou que o número de intoxicações no País dobrou na última década.
Dos cerca de 72,5 mil casos de intoxicação registrados no País em 2000, quase 28% acometeram crianças. No ano passado, a secretaria de Saúde do Paraná contabilizou 632 notificações com crianças, de 0 a 14 anos, no Estado, representando quase 32% do total de 1.987 ocorrências. Já o CCI de Londrina registrou 503 intoxicações infantis em 2002, que somaram 35% dos 1.430 casos atendidos pelo HU no ano. Os dados do CCI levam em conta também envenenamentos causados por animais e plantas.
Grande parte dos incidentes que envolvem crianças e adultos poderiam ser evitados. Cuidados simples evitam transtornos à saúde e até mesmo mortes. Segundo a coordenadora do CCI do HU, Conceição Turini, os produtos que oferecem ameaça às crianças devem não apenas ser mantidos em lugares altos, mas guardados em locais trancados e plantas também devem ser evitadas já que são alvo da curiosidade infantil.
Para os adultos que trabalham com produtos químicos, é necessário seguir todas as normas de segurança e sempre se proteger com máscaras e luvas. Entre os grandes vilões da intoxicação estão medicamentos, pesticidas e produtos de limpeza.
A professora Débora Cristina Catanduva não sabia dos perigos oferecidos por produtos de limpeza domésticos até o incidente ocorrido com a filha Eduarda, de três anos, há um mês. A cena comum - a mãe estava lavando roupas com a filha perto do tanque - teve um desfecho inesperado para Débora: a criança encostou no pacote de soda em pó deixado no chão, levou a mão à boca, e acabou sofrendo queimaduras nos lábios e na língua. ''Na hora fiquei sem saber o que fazer. Minha filha chorava muito porque a soda queimava. Levei-a à farmácia e ela foi medicada'', conta. A menina ainda está se recuperando do ferimento.
A mãe desconhecia a existência do CCI em Londrina, que além de assessorar o atendimento a vítimas de intoxicação no HU, funciona como um centro de informação.
''O melhor procedimento para vítimas ou familiares é ligar para o CCI, para receber a orientação certa'', aconselha Conceição. É que alguns conselhos comuns, como ingerir leite ou provocar vômito, podem piorar o estado do intoxicado. O ideal é procurar o serviço de saúde quão logo ocorrer um incidente. O tratamento varia conforme a dimensão do caso, incluindo desde lavagem gástrica até ingestão de antídotos para neutralizar as substâncias tóxicas.
Serviço: Centro de Controle de Intoxicação - 3371-2244 - Atendimento 24 horas