Cerca de 20 índios caingangues estão acampados na sede da Fundação Nacional de Saúde (Funasa), em Londrina, desde o início da noite de terça-feira. O grupo, que vive irregularmente em uma praça na Zona Norte, garante que só sairá quando todos forem vacinados contra a gripe A. A direção da Funasa acusa os caingangues de serem violentos e entrou na Justiça pedindo reintegração de posse.
O líder do grupo, Valdir Domingos, disse que os índios foram à Unidade Básica de Saúde (UBS) do Conjunto Maria Cecília, mas foram orientados a procurar a Funasa. ''Temos umas dez crianças que precisam ser vacinadas, além dos adultos. Nós temos direitos assim como qualquer outro índio, mas eles (Funasa) diz que não vai nos vacinar porque estamos vivendo naquela área'', disse Domingos.
A população indígena deveria ser vacinada na primeira etapa, que terminou na semana passada. O chefe do Distrito Sanitário Especial Indígena (Dsei), da Funasa, Paulo Camargo, confirma que a fundação está vacinando somente índios de aldeias. Segundo ele, quem vive na área urbana têm que procurar uma UBS. ''Se eles estão vivendo na área urbana por vontade própria, precisarão se submeter a esse procedimento.''
Ainda de acordo com Camargo, os índios agiram com violência. ''Eles chegaram ameaçando os funcionários, que saíram correndo, inclusive pulando janelas. O vigilante foi rendido e obrigado a para buscar documentos e alimentos na Funai. Em nenhum momento esse grupo nos procurou para conversar'', disse. Oito servidores trabalham no local. Ele informou que a Funasa acionou o Ministério Público Federal (MPF) e Polícia Federal (PF) em Londrina para providenciar a reintegração de posse do imóvel.
Praça
O grupo de caingangues ocupou em dezembro do ano passado a Praça Angelo Kretã, que pertence à Prefeitura de Londrina. De acordo com a antropóloga Marlene de Oliveira, da Secretaria Municipal de Assistência Social, essa área foi doada à Fundação Nacional do Índio (Funai) em 1991, mas em 1994 voltou a pertencer ao município. ''Na época a Funai não cumpriu as exigências de documentações indicadas pela prefeitura.''
Marlene disse que não se sabe o número certo de famílias que vivem no local, mas explicou que elas vieram da aldeia de Barão de Antonina, de São Jerônimo da Serra. ''Alguns deles chegam na cidade ficam um tempo por lá e depois voltam para a aldeia. Eles já foram informados que não podem ficar naquele local.'' A reportagem procurou o administrador da Funai em Londrina, mas ele não foi encontrado.