No último domingo (24), a invasão da Ucrânia pela Rússia completou dois meses. O cenário de destruição de vidas, lares e sonhos forçou milhões de ucranianos a deixar o País rumo ao desconhecido. Muitos tiveram como destino o Brasil, especialmente nas regiões Sul e Sudeste. No Paraná, não há um número exato de quantos ucranianos se instalaram nos últimos meses, fugindo da guerra, segundo Vitório Sorotiuk, presidente da Representação Central Ucraniano-Brasileira, em Curitiba.
Sabe-se que grupos foram acolhidos recentemente em Curitiba, Apucarana (Centro-Norte), Prudentópolis (Centro-Sul), Maringá (Noroeste), Guarapuava (Centro) e agora, em Londrina. O primeiro grupo de refugiados da Ucrânia chegou há uma semana na cidade. Eles foram recebidos no dia 19 de abril pela 1ª Igreja Presbiteriana Independente de Londrina, que se preparou para acolher as três famílias com moradia, alimentos e todo o demais suporte necessário.
Ao todo, são seis adultos, três crianças e um bebê. As famílias estão instaladas em apartamentos cedidos pela igreja. “A Igreja locou e mobiliou três apartamentos. Dois já foram entregues e o terceiro ficará pronto na próxima semana. Não há nenhum recurso governamental ou privado envolvido. Tudo está sendo custeado pela Igreja, enquanto comunidade, e doações de fiéis. São muitas pessoas se engajando voluntariamente, não apenas da igreja, mas a comunidade como um todo, seja com movimentos de contribuição ou de presença, ao lado das famílias”, afirma o pastor Pedro Leal Júnior, responsável pelo setor de missões da 1ª Igreja Presbiteriana Independente de Londrina.
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Programa de apoio
A vinda dos refugiados foi por intermédio do GKPN (Global Kingdom Partnership Network), organização que reúne igrejas e líderes cristãos em todo o mundo e, desde o início da guerra, mantém equipes de voluntários nos países que fazem fronteira com a Ucrânia, trabalhando no resgate das famílias.
O primeiro grupo de refugiados ucranianos que o GKPN Brasil recebeu desembarcou em Curitiba na segunda quinzena de março. Lá, foram acolhidas por igrejas preparadas para atender as necessidades básicas, como hospedagem e alimentação. O pastor Júnior explica que o programa do GKPN de apoio aos refugiados tem quatro etapas: socorro relocação, reunificação e reconstrução. “Não é uma obra assistencialista apenas. Queremos promovê-los enquanto seres humanos. Temos como meta tornas as famílias autossuficientes ao longo de um ano. Estamos providenciando estudos e empregos e, quando a guerra acabar, eles poderão fazer suas escolhas”, explica o pastor.
A linguagem, de acordo com ele, tem sido um grande desafio, pois o grupo de ucranianos que chegou a Londrina fala prioritariamente russo. “Estamos com alguns tradutores que a comunidade ucraniana de Londrina disponibilizou, mas a maior parte do tempo nos comunicamos via Google Tradutor”, diz.
O pastor comenta também que, aos poucos, as famílias estão sendo levadas ao supermercado para aprenderem a fazer compras e para que tenham mais contato com a língua portuguesa.
“A própria palavra refugiado define um pouco do sentimento dessas famílias que saíram de casa somente com uma mala e a roupa do corpo. Os esposos não vieram. Então, é um vazio enorme, uma sensação de perda, distanciamento e de luto. Depois, vem o sentimento de gratidão pelo Brasil e comunidades que estão se envolvendo. São sentimentos que caminham juntos. Recebemos eles com muita alegria, mas sem festa porque não estão aqui porque querem. No entanto, dizem que estão se sentindo seguros e agradecem a todo momento a ajuda que estão recebendo”, conclui.
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