A defesa do ex-guarda municipal Fernando Neves entrou com pedido na Justiça para anular o júri popular que o condenou pela morte do estudante Matheus Evangelista, em abril de 2018. No começo de agosto, ele foi sentenciado a mais de 18 anos pelo crime, que aconteceu no Jardim Porto Seguro, zona norte de Londrina. Apesar da condenação, hoje responde em liberdade.
Neves ficou preso mais de dois anos, mas acabou solto meses antes do júri com a condição de usar tornozeleira eletrônica. Os advogados dele afirmam que as pessoas ouvidas no processo "apresentaram divergências" entre o que foi dito no inquérito e durante as audiências. Também dizem que o ex-agente "não tentou fraudar a cena do crime" e muito menos atirou na vítima.
Na época, Neves e mais dois guardas foram acionados pela Central de Monitoramento da Guarda Municipal depois que moradores ligaram reclamando do barulho de uma festa, onde Matheus estava com outros amigos. O Ministério Público acredita que o tiro que matou o jovem saiu da arma do acusado, que sempre negou esta versão. O disparo ocorreu durante uma abordagem.
Os outros GMs não foram denunciados ao Tribunal do Júri. Um deles, Michael de Souza Garcia, selou acordo com o MP e teve o processo extinto, o mesmo para João Victor Góes Arruda. "O maior medo dele (Fernando Neves) é ser lembrado como o guarda racita que matou um jovem negro. A mídia já fez esse papel de condená-lo antes mesmo de seu julgamento. Mas ele ainda tem a esperança de ser absolvido", concluem os advogados.
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Em nota enviada à imprensa, o advogado Marcelo Camargo diz que "não tem a menor sombra de dúvida de que o julgamento foi uma das maiores injustiças já vistas nesta cidade. Quem estudar o processo verá que todas as testemunhas apontam outro guarda municipal como autor dos disparos, inclusive mencionando característica física marcante desse guarda, que Neves não possui".
Camargo argumenta que "nenhuma testemunha aponta Neves como autor de qualquer disparo. Além disso, as provas técnicas também não foram conclusivas contra ele. Inclusive, algumas testemunhas, quando ouvidas, relataram que foram ameaçadas pelo outro guarda municipal. A acusação utiliza-se da mídia para fazer sensacionalismo, porém, em favor do acusado existe a presunção de inocência, que assegura que ninguém poderá ser considerado culpado até que se esgotem todos os recursos.".