Diversão, profissionalismo, esforço e um pouco de confusão. Essa tem sido a rotina diária num posto de gasolina na Vila São Caetano, perto da região central de Londrina. É que a clientela está sendo atendida por um frentista bonito, sorridente e, de repente, ao ladinho, aparece outro, igualzinho, e com o mesmo sorriso no rosto.
De forma rápida, em princípio, dá até uma certa ilusão de ótica, mas, na verdade, são Ricardo e Rodrigo Vialle Barros, 23 anos, gêmeos idênticos.
Os rapazes trabalham desde os 16 anos. Hoje, no segundo emprego, eles asseguram que a profissão escolhida deu certo para os dois, depois de terem terminado o segundo grau. E as histórias da vida compartilhada caracterizam-se por duas palavras: união e amizade.
No posto de combustíveis, esses fatores são notados e aplaudidos. Mas é na forma divertida de identificar um ou outro frentista que a brincadeira tem início. Até a gerência já ficou incerta na boca do caixa. ''Quando o atendimento está corrido, o vai-e-vem é muito rápido e causa incerteza de quem é quem'', declara Angélica Fiori. Para ela, a situação é engraçada e, atualmente, encarada com naturalidade depois de dois anos de ação. ''Primeiro veio o Ricardo, que depois trouxe o irmão, e os dois, na verdade, acabam animando o dia, o pessoal gosta muito''.
O carreteiro Ademir Vanzelli confirma. ''Nesses anos em que frequento o posto, até hoje confundo um com o outro, mas acho bacana porque eles são 'pedra 90', gente fina mesmo no atendimento'', garante.
E a velha máxima popular ''cara de um, focinho do outro'' cabe muito bem para os garotos. Eles são castanhos claros, usam o mesmo corte de cabelo, estilo de roupa, sem contar que todos os dias estão de uniforme. Rodrigo tem 1m86 de altura, 86 quilos. Ricardo exatamente a mesma altura, com a diferença de três quilos a mais. E só. Aí acaba o que os distingue, fisicamente.
Já em termos de comportamento, um comenta que é 'água', o outro, 'vinho'. E por conta disso - juntos - já fizeram muita bagunça. Ricardo se diz mais calmo, diplomático e extrovertido. Rodrigo, mais tímido, estourado, porém, ousado, como se pode ver pelas aventuras vividas com o irmão.
Assanhamento - A dupla já chegou até a trocar de lugar numa aventura amorosa. Uma antiga vizinha namorava Ricardo. Foram três meses, quando ele resolveu que iria mudar de paixão. Como conversa muito com Rodrigo, trocou uma idéia antes, quando o gêmeo idêntico mais velho sugeriu ao caçula que o deixasse ficar em seu lugar, porque nutria interesse pela moça. E assim foi.
Porém, o romance durou pouco. Uma semana depois Rodrigo foi descoberto. ''Acho que foi o beijo, o comportamento e até o meu assanhamento'', conta o Don Juan que nasceu cinco minutos antes de Ricardo.
E as aventuras não pararam por aí. Novamente o mais velho - que só possui carteira de motorista para carro - pegou a habilitação do mais novo, que tem qualificação para moto. Foi parado em blitz policial e flagrado sem documento. ''Esqueci de levar a identidade também'', explica Rodrigo.
E assim Ricardo assumiu a culpa, teve o veículo recolhido, um ano sem carteira e ainda passou por um curso de reciclagem. ''Respondi no lugar dele, mas não fiquei bravo, porque o meu irmão, mesmo mais doidão, também divide tudo comigo, nossa convivência é muito forte''.
E Rodrigo completa: ''Hoje, nosso comportamento denuncia quem é quem, mas um é companheirão do outro pra vida toda e, se ele precisar de mim, vou aonde for preciso''. Além de trabalharem juntos, irem para a labuta numa motoneta, dividirem o mesmo quarto, as mesmas roupas, amores e dissabores, vão para as baladas e gostam do relacionamento forte que possuem, mesmo quando pinta um ciuminho aqui ou ali. Um fala quase junto com o outro que ''repartir esse espaço é muito bom, pretendemos ficar velhinhos e amigos, ajudando um ao outro, até porque não é por menos que nosso apelido traduz isso, somos os Geminhos''.